Por Valdeci Oliveira –
Neste domingo, comemoramos o Dia Internacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores. Essa data tão importante é uma referência à manifestação ocorrida em 1º de Maio de 1886, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos. As organizações sindicais, neste dia, de forma unitária, pararam a cidade reivindicando redução de jornada de trabalho, que na época chegava a ultrapassar dez ou doze horas diárias. Apesar da repressão e da punição estabelecida aos trabalhadores e às famílias que aderiram à greve, que foi duramente reprimida, a semente germinou, e muitas conquistas se deram na sequência da história.
Outra importante bandeira empunhada pelos mártires de Chicago foi a do combate à fome. Pouco antes de sua execução, Albert Parsons denunciou as condições da classe trabalhadora de sua época. Enfrentar a precariedade das condições cotidianas lhe custou a vida, mas suas palavras ainda ecoam pelos tempos: “o pão é liberdade, liberdade é o pão”.
Passados 136 anos da mobilização realizada em 1886, muita coisa mudou no mundo e no formato das relações de trabalho. Mas é certo que essas transições, de forma alguma, reduziram a importância, e mais do que isso, a necessidade e a legitimidade da luta por melhores condições de vida para os trabalhadores e trabalhadoras. Basta observarmos o cenário que está ao nosso redor agora: estamos saindo de uma das piores pandemias dos últimos tempos. Tivemos o crescimento do desemprego e um aumento substancial de preços, especialmente dos alimentos. Tivemos uma precarização estrondosa dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, haja vista os efeitos contundentes e nocivos das “reformas” da previdência e trabalhista.
Essa realidade tem mobilizado as instituições para o combate à fome, como, por exemplo, a campanha de cestas básicas que as centrais sindicais fizeram junto a comunidades carentes do nosso estado. A Assembleia Legislativa busca construir políticas públicas para enfrentar este quadro. A instituição está promovendo o Sarau Solidário, o que nos permitiu entregar, somente nesta semana, mais de 350 quilos de alimentos à Defesa Civil do Estado, que irá destinar os donativos a famílias em situação de vulnerabilidade social. E, logo na sequência, ações ainda mais vigorosas nesse sentido serão implementadas pelo Parlamento em parceria com outras entidades, instituições e movimentos parceiros da luta contra a fome e a pobreza extrema no nosso estado e no Brasil.
O Rio Grande do Sul enfrentou uma das maiores estiagens dos últimos tempos, a qual segue produzindo reflexos econômicos e sociais. A Assembleia Legislativa instalou a Comissão de Representação Externa para acompanhar os impactos gerados pelo longo período de estiagem que ocorre em nosso Estado, presidida pelo deputado Edegar Pretto, que no seu relatório, apresenta diretrizes para a criação de políticas públicas capazes de minimizar os impactos da atual estiagem e das que venham a surgir nos próximos anos, com medidas de curto, médio e longo prazo.
Outra ação que conta com o engajamento direto do Parlamento gaúcho é a intermediação do debate do Salário Mínimo Regional. Assim como fizeram no ano passado, em 2022, os deputados e deputadas estaduais estão mediando um processo exaustivo, mas necessário de diálogo sobre o tema junto com as entidades que representam os diferentes lados dessa negociação. O objetivo é alcançar um consenso para que – pelo menos esta é a minha expectativa – se garanta um reajuste digno para os trabalhadores, já que o Mínimo Regional é uma ferramenta valiosa para ampliar a distribuição de renda no nosso estado e para ampliar o poder de compra de setores vulneráveis.
Nesta véspera do 1º de maio de 2022, vai um forte abraço de reconhecimento a cada profissional, independentemente da área, do campo e da cidade. A luta pela valorização de vocês vai continuar! O Brasil, que lamentavelmente voltou a ser refém da fome e da insegurança alimentar, pode e deve se tornar o país da geração de trabalho e renda, das oportunidades e da solidariedade.
Viva os trabalhadores e as trabalhadoras do campo e da cidade, as verdadeiras locomotivas do Rio Grande e do Brasil! E que nunca esqueçamos: as locomotivas do nosso desenvolvimento são feitas de carne e osso, portanto, não são máquinas, não são incansáveis, e não são imunes à sobrecarga de serviço e ao empobrecimento constante.