Assembleia Legislativa instala Frente Parlamentar em Defesa das Vítimas da Covid-19

A Assembleia Legislativa instalou, no início da tarde desta quarta-feira (27), a Frente Parlamentar em Defesa das Vítimas da Covid-19, que será presidida pelo deputado Pepe Vargas (PT). O ato em formato híbrido ocorreu no Salão Júlio de Castilhos e contou com a participação de representantes de entidades ligadas à área da saúde locais e nacionais.

Instigada pela Associação das Vítimas da Covid, que pediu apoio ao presidente do parlamento gaúcho, Valdeci Oliveira (PT), para a construção de políticas públicas voltadas aos sobreviventes da pandemia, a frente deverá realizar audiências públicas nas cidades polos de todas as macrorregiões de saúde do estado. “O objetivo é promover um amplo debate envolvendo os poderes e a sociedade civil sobre a situação das vítimas e contribuir para a construção de políticas públicas”, explicou Pepe Vargas.

O parlamentar alertou ainda que as consequências da Covid-19 não se restringem à saúde, onde são graves, mas que avançam no campo econômico e social, principalmente, nas famílias que perderam provedores para a doença. “A Covid não é democrática e não atinge todas as classes sociais de maneira igual. Pessoas com menor poder aquisitivo foram mais impactadas e isso também será objeto de discussão”, apontou, lembrando que a Reforma da Previdência impôs regras draconianas para concessão de pensões por morte, provocando ainda mais prejuízos para quem teve perdas de familiares por conta da pandemia.

O presidente da Assembleia Legislativa contou que enfrentou um caso grave de coronavírus na família e que conhece as dificuldades pelos quais passam pacientes e familiares durante e, muitas vezes, após a alta hospitalar. Valdeci considera que, mesmo com todas as limitações, o Sistema Único de Saúde foi fundamental para que a situação não fosse ainda mais dramática para os brasileiros. E ressaltou que a pandemia não foi totalmente superada, que muitos ainda não concluíram a imunização e que mesmos os vacinados não estão, totalmente, livres da doença. Lamentou também que, mesmo diante de um número expressivo de pessoas com sequelas e da demanda reprimida na saúde, os governos não aplicaram um centavo a mais no setor.
Ele garantiu que o parlamento gaúcho dará todo o apoio para que a frente se “espraie pelo Rio Grande do Sul para buscar soluções junto com a sociedade e criar a consciência na população de que saúde não é custo, é investimento”.

Entidades
A presidente da Associação das Vítimas da Covid, Paola Falceta, relatou casos de pessoas que perderam familiares e de que convivem com sequelas da doença sem receber o tratamento adequado. Segundo ela, a maioria dos sobreviventes recebeu alta hospitalar e nunca mais teve uma consulta pelo SUS. 
Paola criticou também a falta de dados no estado sobre os sequelados e os órfãos da Covid. “O que vemos é um total desprezo pelas vítimas. Por isso, temos que nos movimentar. Há gente morrendo por fome ou por problemas de saúde, relacionados à Covid-19”, conclamou.

Representando o Movimento Luta pela Vida, Lúcia Souto disse que o Brasil teve a “pior gestão da pandemia do mundo” e que agora os governantes tentam colocar a situação dos sobreviventes para baixo do tapete, fazendo de conta que nada está acontecendo. Para ela, a falta de recursos é uma justificativa que não se sustenta tendo em vista gastos em outras áreas nem tão prioritárias.

Também participaram da cerimônia o presidente do Conselho Estadual de Saúde, Cláudio Augustin,  que se manifestou de forma virtual por estar em casa se recuperando da doença; o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Pigatto;  representantes do Conselho de Secretárias Municipais de Saúde, representante da Defensoria Pública, sindicalistas e lideranças políticas de diversas regiões do estado, além dos deputados Jeferson Fernandes e Zé Nunes, ambos do PT.