Aplicação de lei da campanha estadual sobre o TDAH e dislexia pauta encontro na Presidência

Seminários de capacitação junto a educadores da rede estadual de ensino, campanhas de informação e conscientização, apresentação de estudos e pesquisas na área e a divulgação das principais formas de diagnóstico e ampliação do acesso a recursos didáticos adequados. Esses pontos, mais a necessidade de psicoeducadores em salas de aula, foram apresentados como condição primordial para o acolhimento e aprendizado – com evolução no desempenho –  de crianças e adolescentes com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e a dislexia. A pauta foi trazida ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdeci Oliveira, por Marizur Rocha Konig, santa-mariense que empresta seu nome à lei de autoria do chefe do Legislativo gaúcho, apresentada em 2015 e aprovada em 2018 por 47 votos e nenhum contrário, mas até o momento não colocada em prática por parte do governo. Com exceção de psicoeducadores em salas de aula, todos as outras questões estão prevista na legislação. “Os professores não estão preparados, não dão aquilo que as crianças (que têm os transtornos) merecem e precisam”, sustenta Marizur. 


Mãe de um jovem que hoje está com 20 anos, há uma década atrás entrou com uma ação na justiça e conseguiu que o filho, com dislexia, tivesse o acompanhamento. “Hoje ele é cabo do exército e está cursando a Escola de Sargento de Armas (ESA)”, explicou Marizur, acrescentando que com um pouco mais de um ano após o início do acompanhamento o filho havia desenvolvido seu aprendizado. “Mudou tudo. E quero isso para as outras crianças também. Temos uma lei para isso”, completou, reafirmando ser fundamental a presença de um profissional em sala de aula para orientar a metodologia a ser aplicada pelos educadores. Segundo ela, essa é a forma de se obter um resultado mais rápido e eficaz. “No contraturno também funciona, mas é a longo prazo”, destacou, frisando que distúrbio que prejudica a capacidade de ler e escrever e que sua vinda ao parlamento era para trazer as queixas de muitas outras mães que não sabem o que fazer e também precisam de apoio e orientação. “Tenho feito isso (com tempo e recursos próprios) junto a famílias de vários estados. A inclusão na escola só se dá quando ela está aberta (e preparada) para receber quem é diferente. A melhor coisa que eu fiz foi (a partir da ação judicial) conseguir colocar um profissional na sala de aula, pois diziam que meu filho era retardado ou desinteressado”, avaliou.


“O grande objetivo da lei, que apresentei a partir da provocação e da ajuda da Marizur, foi o de dar luz a um tema importantíssimo que não recebe a devida atenção por parte da sociedade em geral e dos governos. As crianças que possuem TDAH ou dislexia precisam ser diagnosticadas, acompanhadas e carecem de apoio e de programas adequados para que consigam avançar no processo de aprendizagem. Mas a questão de fundo é que a legislação precisa ser aplicada, respeitada”, afirmou Valdeci. Além de buscar contato junto às secretarias da Educação e da Saúde como forma a sensibilizar o governo para a aplicação da lei, Valdeci irá articular a edição – ampliada e atualizada – de uma cartilha técnico-científica, elaborada por especialistas e já aprovada pelo Ministério da Educação, para ser distribuída junto às escolas, educadores e famílias que tenham crianças com tais distúrbios. “Se a maioria dos professores (e da comunidade) conhecer o problema, será meio caminho andado. Quando me perguntam sobre a minha formação digo que sou PHD em mãe e de uma criança com dislexia”, brincou – mas com grande fundo de verdade – Marizur.