O deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Valdeci Oliveira (PT), formalizou , nesta terça-feira (4/4), convite para que a Arquidiocese Metropolitana de Porto Alegre integre o Movimento Rio Grande Contra a Fome, força-tarefa criada em junho ano passado e coordenada pelo parlamentar, com vistas a articular ações conjuntas em favor da segurança alimentar das populações socialmente mais vulneráveis. Em audiência com o arcebispo da capital gaúcha e vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Jaime Spengler, Valdeci destacou que os objetivos do Movimento estão em consonância com a Campanha da Fraternidade de 2023, lançada pela CNBB no início do ano, e que traz o lema bíblico, extraído de Mateus 14, 16: Dai-lhe vós mesmo de comer! “Para nós, termos a oportunidade de construir e trabalhar coletivamente com a Arquidiocese, é algo de extrema importância e relevância. Esse momento que vivemos é desafiador e temos de formatar ações concretas que deem respostas, mesmo que de forma pontual e emergencial, a quem mais precisa, a quem não tem acesso à comida. Nosso único objetivo é a solidariedade, forçar esse debate e reunir diferentes atores para que possamos potencializar as diferentes ações que vêm sendo feitas, muitas não associadas, para combater a extrema pobreza que tomou conta de parcela significativa da nossa população no último período “, defendeu Valdeci.
“Certamente a questão da fome é escandalosa, um crime que nos diminui enquanto nação. Ver que o Brasil, apesar da pujança do agro, não consegue alimentar o seu povo, ver que a produção é para alimentar os royalties”, significa que nossa política econômica não está bem”, avaliou Dom Jaime. Segundo o religioso, que também classificou a Campanha da Fraternidade desse ano como “profética”, devido ao alto grau de indigência a que chegaram grandes segmentos da sociedade, a Arquidiocese, que atua fortemente na arrecadação e distribuição de alimentos aos mais carentes, será parceira do Movimento. “Quando optamos pelo tema não imaginávamos que a situação chegaria a esse ponto. Nos inspira São João, a passagem (da Bíblia) em que Jesus diz: Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância . E quando não há acesso à vida digna, sempre seremos a voz com as vozes atentas da sociedade”, afirmou o arcebispo.
Por solicitação de Dom Jaime, a coordenadora-executiva do Movimento Rio Grande Contra a Fome, Paola Carvalho, presente à audiência, fará os contatos necessários com a Cáritas (entidade da Igreja Católica que atua na promoção social, na defesa dos direitos humanos, da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário) para formalizar a parceria junto ao comitê gestor do colegiado, que reúne todos os poderes do estado e conta com o apoio e atuação de inúmeras entidades e instituições da sociedade civil. Somente no ano passado, o Movimento, em diversas atividades realizadas, arrecadou 230 toneladas de alimentos – entregues à Defesa Civil Estadual. E o Tribunal de Justiça do RS e a Assembleia Legislativa, a partir dos seus respectivos orçamentos, destinaram R$ 40 milhões para o Fundo Estadual de Assistência Social, administrado pela Secretaria de Igualdade, Cidadania e Assistência Social, para a compra de 140 mil cestas básicas, em benefício de mais de 600 mil gaúchos e gaúchas.