ARTIGO | Convite à solidariedade

20130530enchentePoucas coisas são tão desesperadoras para um pai ou uma mãe de família do que, repentinamente, ver a casa onde mora com seus filhos ser tomada e destruída pela força das águas ou dos ventos. Particularmente, nunca passei por uma situação extrema como esta. Porém, principalmente quando fui presidente da Associação Comunitária da Vila São João e depois vereador e prefeito, acompanhei e apoiei várias famílias que enfrentaram o drama, especialmente nos bairros e vilas da região Oeste de Santa Maria. Não é nada fácil para pessoas de baixa renda observarem que o pouco que conseguiram construir na vida ruiu em segundos e que a subsistência imediata depende da caridade de terceiros. Não ter teto para viver e para aconchegar os filhos da chuva e do frio é algo que tritura a autoestima de qualquer um.

Pois é exatamente nesta condição de fragilidade que se encontram hoje mais de oito mil gaúchos e gaúchas, todos vítimas da enchente que atingiu cerca de 30 municípios de diferentes regiões do Estado nos últimos dias. Devido ao excesso de chuva, foram registradas cheias em 11 rios. O saldo até o momento, conforme a subchefia de Defesa Civil da Casa Militar, é de 2.706 desabrigados, 5.428 desalojados, um desaparecido, um ferido e um óbito. Há também vários pontos com risco de desabamentos, além de estradas bloqueadas. O atendimento e o resgate aos alvos da enchente são realizados pelas equipes municipais de Defesa Civil com apoio da Coordenação Estadual. Áreas consideradas de risco estão isoladas.

Em um momento como este, além de cobrarmos a tomada célere de providências por parte das instituições públicas e mais investimentos na prevenção de desastres, não custa apelarmos para o espírito solidário do povo gaúcho. No início do ano, após a tragédia do dia 27 de janeiro, o Rio Grande e Santa Maria, em especial, protagonizaram um verdadeiro mutirão destinado a salvar vidas e a atenuar o sofrimento de quem perdeu amigos e familiares abruptamente. Hoje, o pedido de utensílios como roupas, colchões, cobertores, garrafas de água e alimentos não perecíveis é renovado para abreviar o sofrimento de muitas famílias afastadas dos seus lares. Não bastasse a perda material, os atingidos pela enchente têm de conviver ainda com as baixas temperaturas e a umidade registradas no Rio Grande do Sul, condições que – conforme a previsão do tempo – deverão perdurar em setembro.

Quem estiver disposto a ajudar e a se engajar nesta causa solidária deve contatar a Central de Doações da Defesa Civil do Estado. Os telefones para informações são: (51) 8443.7446 e o (51) 3288.6781. A Defesa Civil Municipal também pode colaborar no recolhimento de donativos. Importante lembrar que, no final de maio deste ano, o vizinho município de Dilermando de Aguiar, terra onde nasci e me criei, foi castigado por um temporal que desalojou 50 famílias e danificou 300 residências. Naquela oportunidade, o trabalho da Prefeitura, da Defesa Civil e o apoio solidário de pessoas de diversos municípios, que sequer conheciam de perto a realidade dos locais e das pessoas afetadas, foi fundamental no acolhimento de quem perdeu bastante ou tudo.

*Artigo do deputado Valdeci Oliveira publicado no Jornal A Razão em 29/08/2013

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Foto: Pedro Revillion – Palácio Piratini