Professores dos Núcleos Estaduais de Educação de Jovens e Adultos (Neejas) e do 39º Núcleo Cpers estiveram em audiência na tarde desta quarta-feira (2), na presidência da Assembleia Legislativa, para solicitar apoio do Parlamento estadual pela manutenção dos trabalhos executados pelos Neejas. Segundo o grupo, o governo do estado está reformulando as respectivas estruturas com o objetivo de reduzir o quadro de educadores – transferindo-os às escolas regulares – e a carga horária dos professores especializados, o que resultará na precarização do atendimento e na aprendizagem dos alunos, a maioria mulheres mães de família que não têm outra opções de ensino. De acordo com o documento entregue ao presidente do Parlamento gaúcho, deputado Valdeci Oliveira, a desvinculação que está sendo levada a cabo pela Secretaria Estadual de Educação (SEDUC) fará com que “não seja mais possível atender a demanda de mais de 2 mil alunos que procuram os Núcleos, seja presencial ou remotamente”.
Ainda segundo o grupo, a intenção do governo com a medida é favorecer as entidades de ensino privadas. “O número de pessoas que procuram os Neejas é muito grande e, em função da pandemia, as pessoas estão retornando. Esse é um tema absolutamente importante e educação tem de ser oferecida da pré-escola a todas as possibilidades de idade”, avaliou Valdeci, lembrando que ele somente teve acesso a um pouco mais de formação somente aos 25 anos de idade, no antigo Supletivo. “Vamos buscar contato com a secretária de Educação para que ela pondere e estude o caso com muito carinho, que não haja retirada de professores. A educação precisa ser reforçada e não reduzida”, avaliou o parlamentar.
“É importante compreender que os Neejas, apesar de terem um público diferenciado em relação às escolas regulares, cumprem um papel fundamental para reintegrar cidadãos ao mercado de trabalho. Muitos dos nossos alunos vão fazer faculdade, concursos e cursos técnicos, tendo assim outras oportunidades de crescimento”, explica o documento elaborado pelos educadores. De acordo com os relatos, muitos Núcleos já estão com o número de professores abaixo do necessário e, se houver redução dos horários de atendimento e do quadro de pessoal, as pessoas, que já experimentaram a evasão escolar em algum momento de suas vidas, novamente encontrão dificuldades e serão excluídos novamente. “Os Neejas são o último apoio dos trabalhadores e trabalhadoras para se certificarem, concluírem os estudos e conseguirem um emprego. Se somarmos todos os núcleos da Capital, são mais de 10 mil alunos”, explicou a professora Ana Maria da Silveira.