O tema da estiagem novamente foi o centro das discussões durante a série de atividades que integraram o roteiro realizado pelo presidente do Parlamento, deputado Valdeci Oliveira, à Região Missioneira do estado. Depois de cumprir compromissos em Santa Cruz do Sul e São Pedro do Butiá, nesta quinta-feira (10) foi a vez de Cerro Largo, onde aconteceu o encontro das associações de Municípios das Missões (AMM) e dos Legislativos das Missões (ALM), cuja plenária reuniu mais de uma centena de prefeitos, vereadores e secretários municipais de 25 cidades. “Independentemente de quem estiver no governo, essa é uma questão de Estado. Leve essa palavra de indignação, esse grito de socorro aos deputados”, pediu o dirigente da ALM e vereador de Bossoroca, Eloi Batista, ao chefe do legislativo gaúcho. Segundo ele, além de os municípios estarem sofrendo com os resultados (sequelas da população) da pós-pandemia, que considera um grande problema de saúde pública, a estiagem não está sendo levada a sério por quem tem a obrigação de fazê-lo.
“Quando as pessoas batem à porta das prefeituras ou das Câmaras Municipais pedindo alimentos tem-se de levar a sério a questão”, avaliou Batista. O tom e conteúdo da fala do vereador foi, com pequenas diferenças pontuais, praticamente o mesmo de quem o sucedeu nos discursos. “A região da AMM não colheu nada. Se tivesse colhido pelo menos 20 sacas por hectare eu não pediria nada. A nossa região é uma das mais prejudicadas”, assegurou o prefeito de Entre-Ijuís, Paulo Meneghine. Por sua vez, o chefe do executivo municipal de São Luiz Gonzaga, Sidney Luiz Brondani, sugeriu a criação de um fundo para dar conta de situações como a crise climática no RS. “Se tem R$ 5 bi, que é nosso dinheiro, para a campanha política, não tem dinheiro para se colocar nesse fundo? Essa pauta não termina com a (chegada da) chuva”, avaliou Brondani.
Ao discursar para a plenária, Valdeci falou dos movimentos que o Parlamento estadual tem feito para buscar o entendimento do governo Federal quanto a urgência da questão, como a Missão Oficial enviada a Brasília em fevereiro e a criação de uma Comissão de Representação Externa para acompanhar as ações, colher informações e sugerir medidas que atendam às necessidades dos municípios e produtores rurais. “Foi a maior delegação, em termos de representatividade política, que já enviamos à Capital federal. Não temos orçamento, não temos a caneta na mão, mas temos feito pressão para convencer a União que o RS precisa urgentemente da atenção do governo. Não adianta criar manchetes, precisamos de medidas concretas”, afirmou Valdeci, citando o anúncio da liberação de R$ 3,6 milhões, por parte da Defesa Civil Nacional, para a destinação de cestas básicas a pequenos produtores rurais. “Serão atendidos apenas 17 municípios. Enquanto isso temos no parlamento estadual um projeto de lei de auxilio emergencial e crédito subsidiado a esse segmento e que continua parado, sem ir à votação. O que falta é vontade política”, enfatizou Valdeci.
Ao final da sua participação no encontro, o presidente da Assembleia Legislativa recebeu dos dirigentes da ALM a Carta das Missões, documento elaborado durante o 24º Encontro Missioneiro, realizado em dezembro, na capital gaúcha, que lista uma série de postulações que explicitam “a situação que aflige as comunidades da região, clamando a atenção dos entes federados, em especial do governo do estado”. Entre as demandas, infraestrutura rodoviária, segurança pública, saúde, energia elétrica, telefonia e desburocratização do SUSAF (Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte).