O modelo de concessões de estradas elaborado pelo governo gaúcho foi contestado por lideranças políticas e empresariais e usuários do município de Encantado e região. Em encontro realizado com os representes locais na praça de pedágio de Encantado, instalada há 23 anos, o presidente da Assembleia, deputado Valdeci Oliveira, recebeu, na última quinta-feira (17), documentos produzidos pelo Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat) e pela Associação Comercial e Industrial de Encantado (ACI-E).
Segundo a avaliação do Conselho, além da falta de informações claras sobre o modelo, principalmente no que diz respeito ao Bloco 2, que agrega a RST-453, pesa o fato das tarifas previstas serem altas demais (R$ 9,67, em Encantado; R$ 9,15, em Cruzeiro do Sul; e R$ 9,59, em Nova Boa Vista), resultado da substituição da chamada outorga pela figura da “conta-caução”. Outro fator apontado pelo Codevat que precisa ser melhor discutido é que somente 20% do que for arrecadado pelas próximas três décadas será investido nas rodovias pedagiadas. “Um verdadeiro escárnio com a sociedade gaúcha”, diz o texto de um dos ofícios recebidos pela presidência do Legislativo.
Diferenças nos investimentos feitos nos municípios e adiantamentos a serem feitos à concessionária para cada ponto percentual de desconto na tarifa também são objetos de contrariedade. As entidades e lideranças também solicitam a transferência da praça da comunidade de Palmas, onde circulam em média 6 mil veículos por dia, para Lajeado, antes da ponte de Forqueta, no sentido Arroio do Meio, onde o fluxo é três vezes maior, o que possibilitaria uma redução no preço da tarifa cobrada, aumento na arrecadação e distribuição equilibrada dos ônus e investimentos. A isenção para moradores locais, não prevista no novo modelo, também é apontada como necessária. “Para o deslocamento na sede do município, muitos moradores que precisarem se deslocar para ir ao trabalho ou acessar o comércio, unidades de saúde e educação terão de pagar pedágio. As comunidades do entorno serão extremamente afetadas no desenvolvimento de suas atividades, pois ficarão isoladas dentro da próprio cidade”, alerta outro documento elaborado por residentes em Cruzeiro do Sul.
“Um modelo de negócio só é bom quando atende as necessidades dos dois lados e com vantagens para ambos. Esse é um debate permanente e que levaremos ao Parlamento. Não somos, assim como essas comunidades, pura e simplesmente contra as parcerias público-privadas nas estradas, mas quem paga precisa ser ouvido”, assegurou Valdeci Oliveira.
Uma reunião entre os líderes municipais e representantes do governo do Estado será buscada nos próximos dias. Participaram do encontro o presidente da Codevat, Luciano Moresco, o ex-prefeito de Taquari e ex-presidente da Famurs, Maneco Hassen, e o vereador Joel Bottoni, entre outros