Durante o Grande Expediente da sessão plenária desta quarta-feira (9/10), o deputado Valdeci Oliveira (PT) utilizou a tribuna do Parlamento gaúcho para denunciar mais um ataque aos direitos da classe trabalhadora gaúcha e brasileira. Em um discurso de aproximadamente 20 minutos, o parlamentar criticou a iniciativa do governo federal de reduzir em até 90% as chamadas Normas Regulamentadoras de segurança e saúde no ambiente do trabalho. Conhecidas como NRs, essas normas existem para disciplinar os procedimentos que devem ser colocados em prática no ambiente de trabalho para garantir a integridade física dos empregados nos mais diferentes ramos da atividade econômica.
Em sua manifestação, intitulada “Vidas em Risco”, Valdeci protestou contra a medida e a classificou como mais uma tentativa de colocar os trabalhadores como responsáveis pela atual crise econômica. Segundo o governo, as NRs são nocivas às empresas e que a redução destas irá estimular a economia e gerar empregos. “A questão é que todo remédio amargo, sem exceção, que vem sendo implementado no país, desde meados de 2016, surge com essa justificativa. Só que apenas os trabalhadores é que são penalizados, como se esses fossem os responsáveis pelos problemas do país”, assinalou Valdeci.
Para o parlamentar, o afrouxamento das Normas Regulamentadoras trará irreversíveis prejuízos a toda a sociedade brasileira. “Estamos falando em retirar e extinguir NRs num país que, mesmo com elas em vigor, registrou, nos últimos seis anos, 4,5 milhões de acidentes de trabalho, com 16 mil mortes e mais de 38 mil amputações. Isso significa que, no Brasil, acontece um acidente de trabalho a cada 49 segundos e uma morte por acidente de trabalho a cada três horas e 43 minutos”, pontuou.
Valdeci ainda fez questão de contrapor a afirmação feita pelo presidente Bolsonaro sobre a dificuldade de “ser patrão” no Brasil. “O presidente disse, recentemente, que é muito difícil ser patrão. Eu devolvo: e ser trabalhador é o quê, excelência? Ser trabalhador no país atualmente é não ter direito a sequer a uma aposentadoria digna. É trabalhar até morrer ou morrer trabalhando”, complementou.
No final do seu pronunciamento, ele também lembrou que a situação dos trabalhadores do Rio Grande do Sul não é diferente do cenário nacional. “Aqui, há trabalhadores, como é o caso dos servidores estaduais, recebendo salários atrasados há 46 meses consecutivos. Para piorar, o governador já confirmou que, nas próximas semanas, lançará um pacote para retirar ainda mais direitos dessas categorias. Isso é lamentável e será enfrentado com muita luta na Assembleia Legislativa”, lembrou.
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Foto: Joaquim Moura/ bancada PTSul