Diante da eminência da votação da reforma da previdência na Câmara Federal, o deputado Valdeci Oliveira se manifestou contrário à realização de uma manifestação oficial de apoio da Comissão de Assuntos Municipais (CAM) pela inclusão de estados e municípios na proposta do governo federal. A solicitação desse apoio foi proposta durante a reunião ordinária do órgão na manhã desta terça-feira (9). Caso ocorresse consenso, o aval da Comissão seria encaminhada formalmente à bancada gaúcha na Câmara dos Deputados. “Minha posição é contrária, pois tenho divergência sobre vários pontos da reforma, além de que essa é uma proposta que não contou com um amplo e necessário debate junto à sociedade do país”, manifestou Valdeci.
O parlamentar tem se posicionado duramente contra a reforma da previdência, principalmente por avaliar que esta tira direitos, principalmente, dos mais pobres e por não atacar realmente os privilégios. “Dizer que a proposta iguala todo mundo é uma grande mentira da propaganda oficial. As mulheres perderão, os trabalhadores da iniciativa privada perderão, aqueles que dependem do estado para ter um mínimo de dignidade perderão. Hoje, a média de benefícios e aposentadorias está na casa dos R$ 1,4 mil, o que corresponde a menos de dois salários mínimos.”
Aposentadoria com salário mínimo
Outro exemplo de que a reforma de Bolsonaro não servirá para combater privilégios está no fato, lembra Valdeci, de que a maioria dos trabalhadores e trabalhadoras hoje empregados no duro ofício da construção civil se aposenta com apenas um salário mínimo (cerca de 66% dos aposentados brasileiros ganham esse valor), porque não consegue contribuir nos intervalos entre uma obra e outra, sendo que os salários da categoria variam de R$ 1,2 mil a R$ 1,7 mil. “E essa é uma realidade não muito diferente do restante da classe trabalhadora do país, de quem querem cobrar a conta”, protesta.
Para Valdeci, se o governo realmente buscasse fazer justiça social e combater privilégios, ele investiria suas forças e capital político numa reforma tributária justa que começaria a cobrar impostos dos que estão no topo da pirâmide social e cuja maior parte da renda, cerca de 70%, é livre de impostos, porque é resultado de dividendos e da distribuição de lucros, que são isentos de taxação pela legislação nacional. “Todo esse verdadeiro privilégio está, de certa forma, vinculado aos lucros dos quatro maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander), que somente no ano passado lucraram juntos R$ 69 bilhões – um crescimento de cerca de 20% entre 2017 e o ano passado 2018, o maior valor da história”, critica Valdeci. “E querem descontar no lombo dos aposentados, dos trabalhadores e trabalhadoras que dão um duro danado todo o dia para sustentar suas famílias. E não nos esqueçamos de uma coisa: o Paulo Guedes é banqueiro, mesmo que, momentaneamente, esteja fora do mercado”, destaca.