Representando o presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Valdeci Oliveira entregou, na manhã desta segunda-feira (9/12), em ato realizado no Salão Júlio de Castilhos do parlamento gaúcho, a Medalha do Mérito Farroupilha ao ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação nos governos dos presidentes Lula e Dilma Fernando Haddad. A homenagem a Haddad foi proposta pelo deputado Luiz Fernando Mainardi (PT), para quem Haddad foi o mais longevo dos ministros e promoveu uma verdadeira revolução na educação brasileira. “Suas ações tiveram impactos reais e importantes no nosso estado. Merece muito a consideração do parlamento gaúcho”, justificou.
Professor da Universidade de São Paulo (USP) e do Insper, doutor em filosofia, mestre em economia e bacharel em Direito, Haddad fez questão de dizer que a honraria que estava recebendo naquele momento não se tratava de algo pessoal, mas pelo trabalho realizado pela equipe que integrou, sob o comando do ex-ministro Tarso Genro e depois como responsável pela pasta. “Se trata de líderes e pessoas que tiveram a grandeza de perceber que sem educação não teríamos chance (enquanto país), principalmente as camadas mais humildes, sobretudo seus filhos, que não tinham a menor perspectiva de emancipação por meio da educação. Estes puderam contar com a universidade pública, os institutos federais e escola de qualidade independentemente da riqueza das suas famílias ou do grau de escolaridade dos seus pais”, afirmou Haddad, para em seguida completar: “Com eles aprendi que é possível mudar num curto espaço de tempo e não em uma ou duas gerações, para fazer a diferença. E nós fizemos a diferença no Ministério da Educação. E com Tarso aprendi a reconhecer o valor, a história, o brilho, as conquistas e o trabalho do povo gaúcho”.
No período em que Haddad integrou os quadros do Ministério durante três gestões petistas no governo federal o Brasil experimentou o maior salto em investimentos na área, assim como praticamente duplicou o seu orçamento. Segundo dados oficiais, as universidades públicas e os institutos federais, que até então estavam, em sua grande maioria, centralizados nas capitais dos estados, foram levados para todo o interior do país. Foram criadas 18 novas universidades federais e 173 campus universitários. Já a população universitária chegou perto de triplicar seus números, saltando de 3 milhões em 2003 para 8 milhões em 2016. “”Como prefeito de Santa Maria, pude testemunhar, a partir das políticas desenvolvidas na Universidade Federal local, a UFSM, o comprometimento que Fernando Haddad, sua equipe e os governos dos presidentes Lula e Dilma tinham com a questão do conhecimento e da inclusão social via educação”, discursou Valdeci, lembrando que a gestão do homenageado no MEC “acabou com um velho tabu brasileiro, de que pobre não frequentava universidade”.
Valdeci também comparou dois momentos distintos vividos pelos brasileiros e brasileiras. “Ao assistirmos a realidade do país hoje nós olhamos, saudosos, para o passado recente, onde a pauta da educação era ampliar, era desenvolver projetos e programas, era avançar. Hoje, infelizmente, a pauta da educação se resume a cortar, fechar, desativar e até criminalizar estudantes e mestres”, criticou. “Aqui mesmo no Rio Grande do Sul, hoje vivemos um tempo de forte ataque aos professores e aos servidores da educação, que podem, inclusive, dentro de alguns dias, perderem o plano de carreira e as poucas conquistas que conseguiram ao longo das décadas e décadas de lutas”, lembrou o parlamentar em referência ao pacote enviado ao parlamento pelo governador Eduardo Leite.
Ao público que lotou o Salão Júlio de Castilhos, formado por parlamentares, professores, reitores, estudantes, militantes e ativistas da causa da educação pública e de qualidade, Fernando Haddad lembrou, ao final de sua fala, que, por trás de cada número, de cada dado ou índice que fora lembrado durante as falas em sua homenagem, se sabe a quantidade de gente que não teria oportunidade e que vislumbrou uma chance na vida de galgar degraus que gerações anteriores não tiveram. “Quando a gente lembra dessas pessoas nos comovemos, pois sabemos que elas, pois mais mérito e esforço próprios, não teriam condições não fosse a oportunidade concedida. Se esse talento não encontrar oportunidade, e essa oportunidade quem tem de oferecer é a sociedade, incluindo o estado, mas não só por ele, esse talento vai morrer sem sequer ser conhecido. Quantas pessoas nascem, crescem e morrem sem saber o talento que Deus deu para cada um de nós? Todos aqui, presentes neste recinto ou fora dele, temos um talento a descobrir. E o nosso papel é oferecer a cada menino e menina desse país a oportunidade de se descobrir e se realizar”, finalizou.