O presidente da Federação dos Hospitais Filantrópicos do Rio Grande do Sul, Francisco Ferrer, participou da reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (CSMA) da Assembleia Legislativa desta quarta (6) e não poupou críticas ao trabalho do Estado no setor. Coordenada pelo deputado Valdeci Oliveira (PT), a reunião contou com a presença de diversos outros deputados e de representantes da área. Logo na abertura do seu pronunciamento, Ferrer afirmou que os hospitais são tratados de forma “intransigente e desrespeitosa” por parte do Estado. “Fomos chamados de mentirosos pelo representante do governo e isso configura uma agressão. Como pode este governo não manter uma relação de parceria e cordialidade com a rede de hospitais”, disse ele ao se referir às declarações feitas pelo secretário estadual da Saúde, João Gabbardo, na CSMA, há duas semanas.
Em tom bastante duro, Ferrer reafirmou que o Estado deve R$ 144 milhões para os filantrópicos, que são referentes a serviços prestados em 2016, no período entre janeiro e maio. Ele apresentou ainda o resultado de um levantamento realizado pela entidade que aponta que 91% dos 245 hospitais filantrópicos ou santas casas gaúchas têm recursos a receber do Palácio Piratini. “Seis mil trabalhadores já foram demitidos dos hospitais em função dessa situação. Além disso, 44% da rede apresenta atraso no pagamentos de salários, e 71% da rede deve honorários médicos”, salientou.
O deputado Valdeci afirmou que o relato feito amplia as preocupações sobre a crise na saúde gaúcha. Ele considera urgente que seja estabelecido um cronograma de pagamentos aos hospitais. “Ou se estabelece esse cronograma, ou, em seguida, terá que se fazer um decreto proibindo as pessoas de adoecerem”, disparou ele.
A base de apoio do governo Sartori também demonstrou contrariedade com os rumos da saúde. “Se não alterar a situação, 50% dos hospitais filantrópicos gaúchos podem fechar até o final do ano”, previu o deputado e médico Pedro Pereira (PSDB).
Cobranças – A Federação dos Hospitais Filantrópicos também apresentou à Comissão de Saúde as principais medidas para amenizar a crise: pagamento imediato dos R$ 144 milhões devidos pelo Estado nesse ano; o estabelecimento de um cronograma de pagamentos até o final do ano; a retomada do pagamento de incentivos para o co-financiamento hospitalar e o repasse emergencial de R$ 150 milhões à rede de hospitais no segundo semestre. “A situação exposta aqui, hoje, é gravíssima. E ainda existem as dívidas do Estado com os municípios e a ameaça do governo Temer de reduzir bruscamente o já insuficiente orçamento da saúde”, analisou Valdeci.
Hospital Regional – Mais uma vez, o deputado Valdeci aproveitou a reunião da Comissão de Saúde para cobrar a situação do Hospital Regional de Santa Maria. Com a obra concluída, o complexo aguarda há um ano e seis meses por definições sobre o seu sistema de gestão. “O Hospital Universitário, no bairro Camobi, está com mais de 70 macas pelos corredores para dar conta da demanda, enquanto nada se define sobre o Regional. Isso é uma demonstração de irresponsabilidade por parte do Estado e de apego à cultura da enrolação”, criticou ele. (texto e foto: Tiago Machado)