O Movimento Rio Grande Contra a Fome, força-tarefa estadual criada em 2022 e que reúne diversas instituições gaúchas – entre elas governo do estado, Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Defensoria Pública, Tribunal de Contas e Ministério Público -, assegurou mais R$ 20 milhões para a compra de alimentos diretamente da agricultura familiar, com as aquisições direcionadas a bancos de alimentos, cozinhas comunitárias solidárias e restaurantes populares. Os recursos foram disponibilizados pelo Parlamento estadual, viabilizados com o aval de todas as bancadas partidárias, e o Termo de Cooperação com o Governo do Estado foi assinado nesta segunda-feira, 16, em cerimônia realizada na presidência do Legislativo gaúcho. Essa é a segunda vez que o Parlamento garante recursos do seu orçamento para o combate à fome via compra de alimentos das cooperativas da agricultura familiar e articulação do “RS Contra a Fome”. Na primeira etapa, realizada em 2022, na gestão de Valdeci como presidente da Assembleia, também foram garantidos R$ 20 milhões para essa finalidade. “Agora nós ousamos mais uma vez, pois acordamos que os alimentos adquiridos serão destinados aos pontos populares de segurança e soberania alimentar reconhecidos pelo estado através do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do RS, o nosso Consea. Isso beneficiará o trabalho relevante e atuante de diversas cozinhas comunitárias e solidárias”, explicou o deputado Valdeci Oliveira, mentor e coordenador do Movimento.
O ato formal contou com a participação de representantes de todos os Poderes do estado, além das associações vinculadas à agricultura familiar. “Uma parte importante foi a decisão política, outra foi no sentido de vencermos a burocracia estatal, que estava acostumada a fazer de outra forma. Assim, muitas cooperativas superaram suas dificuldades, surgidas por conta da estiagem e depois com as enchentes, com a compra do ano passado. E esses novos recursos serão muito importantes para o nosso segmento”, avaliou Gervásio Plucinski, da Unicafes, União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do RS. “Esse ano (por conta da tragédia climática que assolou o estado) escancarou que o compromisso com o combate à fome e pela segurança alimentar não deve ser promovido somente por governos eleitos democraticamente, mas deve ser compromisso de toda a sociedade. Não nos restam dúvidas de foram as ações de solidariedade promovidas pelos Pontos Populares, cozinhas solidárias, os movimentos sociais e povos de terreiro, entre outros, que a segurança alimentar foi minimamente garantida durante as cheias no RS. São esses “Pontos” que todos os dias abrem as suas portas para alimentar a população (mais vulnerável)”, afirmou Cíntia Barenho, presidente do Consea. Para o secretário de Desenvolvimento Social (SEDES), Beto Fantinel, cuja secretaria ficará responsável pela chamada pública e execução do Termo de Cooperação, o grande mérito do Movimento Rio Grande Contra a Fome foi dar visibilidade ao problema. “Muitas vezes a sociedade não o vê. E se não vê, ele não existe. E se não existe, não se faz parte da solução”, pontuou.
“Muito me orgulha que possamos andar juntos nessa construção. Que esse seja mais um passo em direção ao Rio Grande do Sul sem fome, com redução da extrema pobreza, como vimos nos últimos dados, e muito mais inclusivo. Que o Movimento Rio Grande Contra a Fome dure o quanto for preciso, mas quero estar vivo para ver ele não sendo mais necessário”, finalizou Valdeci no encerramento da cerimônia.
Também participaram da cerimônia, Leonardo Menin (Ministério Público); Naiane Dotto (SEDES); desembargadora Gisele de Azambuja (Tribunal de Justiça); Nilton Arnecke e Rodolfo Malhão (Defensoria Pública); Daniel Silva (Defesa Civil), o médico e vereador eleito de Porto Alegre Alexandre Bublitz, além de representantes do Sindicato dos Funcionários Efetivos e Estáveis da Assembleia Legislativa.
Foto: Christiano Ercolani/ALRS