“Independentemente se concordamos ou não com o teor das manifestações ocorridas ontem no país, respeitamos e saudamos quando a população vai às ruas livremente para expressar a sua opinião. Isso, certamente, fortalece a nossa jovem democracia (nem sempre foi assim) e contribui para que as instituições, autoridades e governos de todos espectros políticos possam analisar, revisar e aperfeiçoar suas ações. Da mesma forma, condeno e me posiciono frontalmente contra a visão de que o Brasil, que passou mais de 20 anos sob um regime de exceção, precisa de intervenção militar ou da interrupção de processos democráticos. Se vivêssemos um processo de intervenção, o qual é desejado e até reivindicado publicamente por alguns , as manifestações registradas ontem no Brasil não existiriam e seriam sufocadas de forma nada branda pelos órgãos de segurança e repressão. Também avalio de que o melhor para o país, neste momento, não são impeachments nem intervenções. O melhor cenário aponta para o comprometimento de todos atores sociais para que o Brasil, de fato, elimine a corrupção institucional que há décadas e décadas corrói a estrutura pública e privada nacional. Mas não é eliminar a corrupção praticada apenas pelos nossos adversários da hora. É eliminar a corrupção praticada por todos em todos os setores. É eliminar desde a corrupção trivial até mesmo aquela mais criminosa e organizada. Com a democracia consolidada, com a corrupção vergada, com a economia aperfeiçoada e recuperada e com os avanços sociais que já experimentamos, o Brasil dará passos consistentes em direção a um futuro de desenvolvimento e inclusão. Hoje, eleições ocorrem a cada quatro anos e permitem à população livremente escolher a opção que julgam ideal para conduzir a gestão nacional. É fundamental, nesse momento emblemático pelo qual passamos, que se garantam as condições para que o Brasil não retroceda, não volte a ser a nação do desemprego, da falta de acesso à educação, da falta de liberdades e, até mesmo, da fome. Gosto muito da frase do sociólogo Boaventura de Sousa Santos: o caminho é, cada vez mais, democratizar a democracia. Acrescento: e também garantir oportunidades concretas a tod@s.”
Valdeci Oliveira – deputado estadual (PT)
Porto Alegre, 17 de agosto de 2015