A persistência dessa estatística negativa, apesar da realização de campanhas, de caminhadas, de esclarecimentos e de mil e uma outras iniciativas de conscientização em diferentes períodos, deve invocar em todos nós um espírito de reação imediato. Não podemos tão somente aguardar que a professora na escola paute o assunto para nossos filhos. Ou o médico ou o amigo mais velho ou o governo. Deve-se falar sobre Aids da porta para dentro e da porta para fora de casa. Toda hora é hora de falar sobre a Aids, a necessidade do uso da camisinha e o dever de se fazer o teste do HIV quando ocorrer qualquer comportamento de risco. Nessa discussão, não há limite de faixa etária: donos e donas de cabelos coloridos ou de cabelos brancos devem estar inseridos. Afinal, a infecção cresceu abruptamente na terceira idade nos últimos 12 anos, no Brasil, em função do aumento da expectativa de vida e da maior atividade sexual dos homens e mulheres com idade acima de 50 anos.
O Rio Grande do Sul, ressalte-se, de forma institucional e organizada, está empenhado a reverter o triste quadro. No processo de ampliação gradual do orçamento para a saúde – dentro da meta de se aplicar os 12% da receita no setor – o Estado, através da Secretaria da Saúde, se tornou o primeiro do Brasil a criar uma política de aplicação de recursos próprios na prevenção e no tratamento dos soropositivos. Em 2014, serão R$ 15 milhões destinados ao grupo de 64 municípios que concentra 90% das notificações. O valor complementará os recursos já destinados regularmente pelo Ministério da Saúde.
Entre outros locais, fazem parte do mapa da Aids no Rio Grande: Santa Maria, Santiago, Cachoeira, São Gabriel, Cruz Alta, Alegrete, Uruguaiana, Rosário, Livramento, Uruguaiana, Itaqui, Santa Cruz e Venâncio. Ou seja, a Aids está presente com vigor inegável na nossa cidade, nos nossos bairros e em municípios vizinhos. Esse problema, portanto, não pertence aos outros. É problema nosso, da nossa família e dos grupos sociais que convivemos. Pertence às autoridades que nos representam.
Pela relevância da temática, vale a pena que todos nós acompanhemos e fiscalizemos a aplicação desses valiosos recursos mencionados em cada comunidade. Os programas e as políticas, sejam de prevenção, de diagnóstico ou de tratamento, precisam chegar até a ponta, até o cidadão o mais rápido possível. Estamos falando de saúde e dinheiro públicos e, principalmente, de vida e de futuro.
Artigo publicado no jornal A Razão desta quinta (22)