“Sou da geração que combateu à ditadura e lutou pela redemocratização do país. Por isso, é muito triste ver a decisão soberana de 54 milhões de brasileiros tombar, pelo menos por enquanto, diante de interesses nada republicanos. O argumento das pedaladas foi rechaçado por boa parte do meio jurídico nacional, porém prevalece de forma oportunista em um Congresso que ronca grosso com Dilma, mas que fala fino com Eduardo Cunha, réu da Lava-Jato. Aliás, é preciso lembrar que esse processo de impedimento nasceu no mesmo dia que o governo e a bancada do PT no Congresso não aceitaram fazer um acordão para proteger Cunha de investigações na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados.
Por outro lado, dá esperança ver multidões na rua bradando por democracia e por avanços nos direitos sociais. Isso alimenta a luta e nos mantém coesos e de cabeça erguida para reverter o resultado na discussão final no Senado ou no STF. A história vai mostrar o lado que ocupamos na trincheira e as bandeiras que empunhamos. No governo tampão de Temer, vou cobrar muito a continuidade do enfrentamento à corrupção. Dilma cometeu erros, mas fortaleceu muito as estruturas de combate a desvios e malfeitos, as quais não pouparam ninguém. Será que a gestão de Jucá, Paulinho da Força e Aécio Neves prosseguirá nessa linha? O Brasil não aceitará mais o engavetamento de denúncias, marca dos tempos de FHC e do PSDB”
Valdeci Oliveira, deputado estadual (PT)