Por Valdeci Oliveira –
A emergência sanitária, social e econômica gerada pela pandemia da Covid-19 atravessou 2020 e, lamentavelmente, seguirá fortemente ativa sem que se tenha uma previsão de término. Mas, pasmem, de agora em diante, cerca de 50 milhões de brasileiros e brasileiras, três milhões de gaúchos e gaúchas e quase 70 mil santa-marienses terão de enfrentar essa “tormenta” sem o escudo protetor do auxílio emergencial. O benefício federal, que só foi criado depois de muita luta e pressão das bancadas de oposição no Congresso, foi o responsável direto por afastar da fome e da indigência milhares de pessoas que ficaram desprovidas de renda a partir do necessário isolamento social promovido. O pagamento do auxílio, a partir do aquecimento econômico produzido, também evitou o fechamento de inúmeras atividades econômicas e postos de trabalho.
É por essas razões que defino como uma “tragédia dentro da tragédia” o fato de o auxílio emergencial ser extinto justamente quando vivemos aquilo que se convencionou chamar de “segunda onda do coronavírus”. Sem o pagamento mensal efetuado pela Caixa Federal, sem a criação de novos instrumentos de geração de renda imediata e sem perspectivas concretas de geração em massa de empregos formais no curto prazo, como sobreviverá a populosa parcela mais vulnerável da sociedade nos duros meses que virão? Só para ilustrar a dureza do momento, o preço dos alimentos mais básicos não para de crescer, e já há previsões indicando que o preço do botijão de gás de cozinha poderá, em breve, ultrapassar os R$150,00 em algumas regiões do país.
Ao mesmo tempo que defendemos que o governo federal revise a sua posição de desassistir quase um terço da população nacional, entendemos que os demais entes não podem cruzar os braços. Por isso, desde março passado, o nosso mandato reivindica ao governo Eduardo Leite a implementação de uma política de renda básica emergencial voltada ao enfrentamento da pandemia. O governador parece ter se sensibilizado com o tema, pois chegou a anunciar nas redes sociais, em junho passado, a criação de um programa estadual de transferência de renda dirigido às famílias carentes. Segundo Leite, em notícia veiculada na Zero Hora, o auxílio emergencial do RS teria início após a vigência do benefício nacional, fato que hoje, infelizmente, está consumado.
A gravidade do momento exige firmeza e urgência. É inadiável que a máquina do governo estadual trabalhe em favor daqueles que têm a sua sobrevivência ameaçada pela crise. Governador Leite, leve em conta esse apelo e mostre ao Brasil que o Rio Grande não solta a mão dos mais vulneráveis.
(Artigo originalmente publicado no jornal Diário de Santa Maria do dia 18/01/2021)