No exato dia que a tragédia da boate Kiss de Santa Maria completou dois anos e quatro meses, os pais e familiares das vítimas do incêndio lotaram o Plenarinho da Assembleia Legislativa, em Porto Alegre, na quarta (27), para cobrar saúde para os sobreviventes e justiça para os que perderam a vida. Um dos proponentes da audiência e presidente da Comissão de Saúde do Parlamento gaúcho, o deputado estadual Valdeci Oliveira (PT), recordou, na abertura da atividade que, além das 242 vítimas fatais, a tragédia deixou mais de 600 feridos que precisam de cuidados permanentes.
O presidente da Associação das Vítimas da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Sérgio da Silva, fez duras cobranças sobre o rumo das investigações conduzidas pelo Ministério Público (MP) e exigiu punição a todos os responsáveis. A Valdeci, ele entregou um ofício da Associação que cobra seis providências nos atendimentos de saúde e psicológico às vítimas. Ao deputado Pedro Ruas (PSOL), membro da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia, Silva encaminhou documento que, entre uma série de questionamentos, cobra os motivos da exclusão, na investigação que apura a tragédia, de pessoas indiciadas pelo inquérito da Polícia Civil. “Nós pagamos as autoridades públicas para termos respostas. E não estamos tendo. Inclusive estamos sendo ameaçados de processos ao exigirmos justiça. Podem me processar: eu já estou preso ao assassinato do meu filho”, disparou Silva.
Além das autoridades, vários familiares de vítimas se manifestaram nos microfones da Assembleia. Eles se emocionaram ao rever imagens dos filhos em um vídeo exibido durante a audiência. A linha deles foi a mesma do presidente da AVTSM: cobrança por justiça e por melhor atendimento de saúde. Um pai, natural de Ijuí, cobrou que as ações de saúde não sejam concentradas apenas em Santa Maria, já que há vítimas em diferentes regiões do Estado.
No final da audiência, que durou quase quatro horas, Valdeci anunciou a convocação de um reunião de emergência, no dia 10 de junho, às 14h, em Porto Alegre, com representantes do Ministério da Saúde, da Secretaria Estadual da Saúde e da Prefeitura de Santa Maria, entre outros órgãos, para tratar das demandas mais urgentes apresentadas. O deputado Pedro Ruas (PSOL) também garantiu que o documento encaminhado à Comissão de Cidadania e Direitos Humanos terá encaminhamentos. “Foi uma audiência complexa pela carga emocional envolvida. O tema abala muito. Mesmo assim foi uma ação importante para repactuarmos, com todos os entes e instituições responsáveis, ações e medidas para o atendimento das vítimas. A força-tarefa para a Kiss, formada em 2013, não pode ser enfraquecida. A Comissão de Saúde da Assembleia será vigilante a isso de forma permanente”, acrescentou Valdeci. (texto e foto:Tiago Machado)