Durante audiência com representantes das organizações campesinas vinculadas aos pequenos produtores e à agricultura familiar do RS, que buscam saber dos retornos às demandas apresentadas aos governos estadual e federal pelo segmento quanto às medidas de combate e compensação pela estiagem, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdeci Oliveira, ligou diretamente à secretária estadual da Agricultura. O contato, feito na manhã desta terça-feira (29), foi realizado a pedido das entidades, que já haviam feito a solicitação de uma agenda com Silvana Covatti, mas continuavam sem retorno à solicitação. “Está agendado para hoje à tarde. Assim que tivermos o horário confirmado informaremos a vocês”, disse Valdeci. Um encontro com gestores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estava marcada para esta terça, enquanto uma reunião na casa Civil, cujo articulação fora feita pela presidência da ALRS , para que esta recebesse os pequemos produtores, não se confirmou.
Durante a audiência entre Valdeci e lideranças da União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimentos dos Trabalhadore Rurais Sem Terra (MST) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul do Brasil (Fetraf), ficou patente, a partir dos relatos feitos pelos presentes, que até o momento a realidade, principalmente de quem trabalha na terra e não se enquadra no quesito médio e grande produtor agrícola, tem sido preenchida por promessas e boas intenções. “Os R$ 2,8 bi que chegaram a ser anunciados na Expodireto para retomada do Plano Safra e para outras medidas na prática não se confirmaram. As expectativas estão se esvaindo, por isso da importância de retomarmos a pauta”, explicou Gervásio Plucisnski, da Unicafes. Na mesma direção foi o relato de Adelar Pretto, do MST. De acordo com o dirigente, apesar do agricultores estarem iniciando a preparação para o plantio de inverno, nada do que foi discutido até o momento em termos de auxílio foi destinado pelo governo estadual até agora. “A própria secretária estadual da Agricultura, durante reunião (do Fórum permanente de Combate à Estiagem, na primeira quinzena do mês), chegou a anunciar a destinação de um salário-mínimo por família e crédito de R$ 10 mil, mas foi desautorizada pelos representantes do governo que afirmaram que o assunto não estava sendo tratado no centro do executivo”, explicou Adelar. Segundo ele, isso chega a ser uma contradição, uma vez que o governo gaúcho tem anunciado superávits primários e crescimento da receita do ICMS, além de destinar meio bilhão de reais para a União investir em estradas federais. “Nos meses de abril e maio estaremos retomando uma série de mobilizações, pois não dá para aceitar nesse tipo de tratamento”, assegurou Douglas Cenci, da Fetraf.
“Além da persistência e de disposição para a luta, que não faltam a nenhum e nenhuma de vocês, é importante que aprendamos a conviver e trabalhar com a estiagem, que tenhamos ações de curto, médio e longo prazos e que atuemos no sentido de criar políticas de estado e não de governo. E não adianta anúncios e boas intenções. Só quem perdeu – e continua perdendo – sabe dos problemas que está enfrentando”, afirmou Valdeci, ele próprio oriundo do trabalho na lavoura. Além de reafirmar o compromisso do parlamento gaúcho com a pauta, que resultou no envio de uma Missão Oficial a Brasília, na criação da Comissão de Representação Externa – para acompanhar as ações que vierem a ser efetivadas e as necessidades de cada região, entre outras prerrogativas – e na sugestão ao governo para a criação de uma espécie de mesa permanente de acompanhamento da crise hídrica, o presidente da Assembleia irá articular um encontro entre as entidades e o novo governador do estado, o atual vice Ranolfo Vieira Jr., assim que este tomar posse como o novo chefe do executivo estadual.