O que não faltam nos finais de ano são mensagens. Proliferam aqui e ali dedicatórias virtuais e presenciais que manifestam o desejo de um ano positivo para todos e que, principalmente, seja repleto de saúde, realizações e de paz. Certamente, saúde, realizações e paz são questões fundamentais e, por isso, dificilmente escapam de qualquer um dos cartões que recebemos na véspera do Natal e do Réveillon.
Afora esses desejos sempre relevantes e fraternos, acrescento também, como uma singela sugestão de Ano-Novo, a busca por mais tempo. Pensemos juntos: o novo ano tem tudo para ser melhor se tivermos um controle melhor sobre o nosso tempo. O novo ano será melhor se dedicarmos uma fatia maior dele para nossa família. Ou para nossos amigos. Ou para um projeto social. Que tal um ano onde a humildade prevaleça sobre a arrogância.
Que tal, em 2014, irmos mais ao cinema e ao teatro. Que tal reservarmos algumas datas para conhecermos novos lugares. Não precisam ser grandes viagens, mas, sim, aquela visita tantas vezes adiada e que nos faria tão bem se pudéssemos concretizar. Em outubro passado, eu, por exemplo, fiz uma coisa que há muito tempo programava e que postergava por falta de tempo ou por submissão às agendas do cotidiano: juntar toda a minha família, com membros residindo em diferentes cidades gaúchas, num almoço de domingo. Apesar dos compromissos que o mandato parlamentar exige permanentemente, programei, priorizei esta confraternização e ela aconteceu. Foi um dia de muita alegria, reencontros e, acima de tudo, carinho e emoção na cidade de Gravataí, onde vive atualmente uma parte expressiva da família. Como é bom poder furar a dura rotina de trabalho e tirar algumas horas para nos relacionarmos com as pessoas. Não somente a relação do telefone celular, da internet, mas a relação direta. Como foi bom dividir a cuia de chimarrão e depois a mesa do almoço com familiares que não via há 5, 10 e até 15 anos.
Em resumo, o que podemos tentar em 2014 é brigarmos, no bom sentido, com nossas agendas. Para termos tempo de inovar, é preciso primeiro estar disposto a isso e convicto de que fazer isso é benéfico. Vivemos na “sociedade do estresse” mais por nos rendermos a um cotidiano atribulado e árido, em termos de relações humanas, do que pela própria conjuntura profissional ou pessoal. E essa rendição tem custado caro a nós mesmos. Indubitavelmente, somos hoje menos pacientes, menos racionais e muito mais agressivos. Nossos jovens, hoje em dia, acham divertido ir a estádios de futebol para se espancarem. Nossas estradas matam mais que guerras porque competimos até no volante. Pasmem, ainda se noticia que pessoas ateiam fogo em mendigos nas ruas e ainda se observam casos de preconceito e de racismo explícitos. Inaceitável. Os passos da mudança podem ser dados agora, em 2014, se concedermos mais tempo para aquilo que nos revigora e que constrói uma sociedade mais humana e solidária. Feliz Ano-Novo a todos!
*Artigo do deputado Valdeci Oliveira publicado no Jornal A Razão em 02/01/2014