Audiência da RSC-287 proposta por Valdeci tem “enxurrada” de cobranças, promessa da Sacyr e criação de Comissão

O compromisso da concessionária Sacyr em reduzir, o mais rápido possível, as filas registradas na saída de Santa Maria e a criação de uma comissão para o acompanhamento das obras em andamento na RSC-287 foram alguns dos resultados da audiência pública realizada nesta terça-feira (15/4), na Assembleia Legislativa. Proposta pelo deputado Valdeci Oliveira, a atividade reuniu oito prefeitos, quase 30 vereadores, deputados de diferentes partidos e diversas lideranças dos municípios que ficam na área de abrangência da 287. “A Comissão de Acompanhamento das Obras da 287 vai contar com a representação de todos os segmentos envolvidos, como prefeitos, vereadores, deputados, usuários, secretarias estaduais, concessionária e órgãos de controle, e terá o suporte da Assembleia Legislativa. A falta de um diálogo mais direto e permanente da empresa responsável e do próprio governo do Estado com os demais atores envolvidos é hoje um dos maiores problemas (do processo de duplicação). As autoridades e as comunidades ficam sabendo das coisas depois que as crises já estão instaladas”, afirmou Valdeci ao final da audiência pública.

Outra forte cobrança realizada na audiência foi sobre o cronograma de reconstrução da ponte sobre o Arroio Grande, em Santa Maria. O representante da Secretaria Estadual da Reconstrução Gaúcha (SERG), Diego de Campos, e o diretor-geral da Sacyr/Rota de Santa Maria, Leandro Conterato, evitaram o anúncio de datas apesar da insistência de Valdeci. Mesmo com a cautela sobre os prazos, Campos foi taxativo: “A ponte está liberada para iniciar a obra. Não existe nenhuma restrição por parte do Estado para o início da obra da ponte, no sentido oeste, do Arroio Grande”, afirmou textualmente. Já Conterato, da Sacyr, disse que ainda existe a necessidade de adequação de uma etapa complementar do projeto técnico da ponte, que envolve o trecho de acesso à nova estrutura. Isso levará mais algum tempo para ser encaminhado. “A obra inicia quando antes, desde que vencida a questão da aprovação do projeto (da 2ª etapa)”, afirmou.

O deputado Valdeci afirmou que a ideia da audiência foi ouvir todos atores envolvidos e atingidos pelos desdobramentos das obras da 287. “Não temos nenhuma contrariedade à duplicação. Ela é fundamental. O que achamos é que uma empresa da importância da Sacyr precisa esclarecer uma série de questões junto às comunidades, que pagam cinco pedágios de Santa Maria até Porto Alegre. É preciso ter uma relação de transparência e um cronograma organizado”.

Valdeci também criticou a falta de organização na execução das obras. “É inadmissível que ainda não esteja pronto o projeto para a construção de uma ponte que caiu há quase um ano. Nunca vi um “pare e siga” tão desorganizado quanto ao próximo à chegada de Santa Maria. Na região de Santa Maria e da Quarta Colônia, nem a duplicação está sendo realizada. A parada de uma hora nas filas ali, como aconteceu comigo nesta semana, ocorre em função somente de obras pontuais”, citou.

O prefeito de Pinhal Grande, Lucas Michelon, reclamou dos impactos negativos gerados para o turismo da Região da Quarta Colônia, que recentemente foi reconhecida como um dos geoparques da Unesco. “Só queremos que a nossa região seja lembrada pela Sacyr assim como foi lembrada na colocação do pedágio, que foi instalado de maneira estratégica, pegando todo o desafogo da Quarta Colônia. Não somos contra o pedágio nem contra a obra, mas precisamos de um plano B”, justificou.

O vereador Marcelo Bisogno, que é presidente da Comissão Especial da RSC-287 na Câmara de Santa Maria, avalia que Santa Maria e a Quarta Colônia sofrem “total descaso por parte do governo estado”. Ele recordou que Santa Maria é a quinta maior cidade do Rio Grande do Sul, representa o segundo contingente militar e possui uma uma universidade federal, a UFSM. “Hoje nós, santa-marienses, precisamos pagar pedágio para irmos a dois distritos locais que não têm farmácia e mercado”, ponderou.

Também presente na audiência, o vereador Sidi Cardoso lembrou que recursos não faltam para as melhorias e a agilização das obras na 287. “ Foi aprovado pelo governo federal, o não pagamento, por 36 meses, da dívida do Rio Grande do Sul com a União, o que representa R$ 11 bilhões diretamente, e mais um fundo de R$ 6,5 bilhões (para a reconstrução da infraestrutura atingida pela enchente no RS). O estado tem que imediatamente aportar, via Funrigs, recursos neste contrato, pois, do contrário, vai aumentar a tarifa, a concessionária vai pedir reequilíbrio”, reforçou.

Tabaí – A audiência também abordou as demandas trazidas pelo prefeito de Tabaí, Anderson Vargas, cuja cidade, localizada no Vale do Taquari, experimenta uma série de entraves gerados pelos serviços de duplicação da 287, que já estão em andamento. Ele, que estava acompanhado de representantes da comunidade e de vereadores locais, reivindicou a construção de uma terceira passarela sobre a rodovia, a viabilização de um acesso secundário e a não substituição de uma ponte local por galerias. Vargas avalia que substituir uma ponte com 50 metros de vazão por três galerias de 12 metros vai gerar graves problemas em dias de chuva forte. “As pessoas podem perder até a vida com essa substituição (da ponte) em razão das cheias que podem ocorrer. Outro ponto importante é a rua lateral, que precisamos garantir. Eles vão colocar guard rails (grades de proteção) para as pessoas não poderem acessar a 287. Ninguém quer invadir a 287. As pessoas só querem poder acessar a 287. Queremos que exista pelo menos uma entrada no bairro, onde vivem mais de 300 famílias. Tem comércio ali que vai fechar e outros que já fecharam”, afirmou.

Um dos pleitos de Tabaí, a inclusão da rua marginal ao projeto de duplicação, foi assegurado pela Secretaria Estadual da Reconstrução. Já a passarela e a ponte serão avaliadas pela SERG. As preocupações expostas pelo prefeito e pela comunidade de Tabaí têm o respaldo da Defensoria Pública do Estado, que já foi acionada para ajudar na resolução dos problemas (ponte, rua secundária e passarela). “Diante das mudanças climáticas, a defensoria entendeu que o projeto deve ser revisto, com a comunidade, para se avaliar se essas três galerias darão conta do escoamento da água”, complementou.

As preocupações expostas pelo prefeito e pela comunidade de Tabaí têm o respaldo da Defensoria Pública do Estado, que já foi acionada para ajudar na resolução dos problemas (ponte, rua secundária e passarela). “Diante das mudanças climáticas, a defensoria entendeu que o projeto deve ser revisto, com a comunidade, para se avaliar se essas três galerias darão conta do escoamento da água”, complementou.

Também presente na audiência o diretor-geral da Agergs, Carlos Alvin, explicou que obras não realizadas no período definido pelo contrato têm o seu valor descontado na tarifa.