Uma mobilização coletiva foi lançada no final da manhã desta quarta-feira (15) no Salão Júlio de Castilhos da AL. O movimento Rio Grande contra a Fome será uma ação de parceria entre poderes de estado, instituições e entidades unidos pelo mesmo objetivo: combater a fome e a insegurança alimentar no Rio Grande do Sul. O evento reuniu autoridades, lideranças políticas e comunitárias, representantes de entidades da sociedade civil e de movimentos sociais ligados à causa.
O propósito do movimento, segundo o presidente do parlamento gaúcho, Valdeci Oliveira (PT), “não é inventar a roda, mas fortalecer e fazer a roda da solidariedade girar”. “Não estamos criando uma política pública contra a fome, mas um movimento coletivo de sensibilização da sociedade para o maior problema vivenciado em nosso país hoje, pois onde há fome, a educação, a saúde e a dignidade não entram ou demoram mais para entrar”, apontou.
Valdeci lembrou ainda que a Assembleia Legislativa vem, desde o início da pandemia, desenvolvendo ações voltadas à recuperação socioeconômica do Rio Grande do Sul, como transmissão das aulas preparatórias ao ENEM pela TV AL em parceria com a TVE, mobilização para garantir recursos aos hospitais gaúchos no momento que estavam prestes a colapsar e as pesquisas que identificaram uma grande queda de renda da população gaúcha. “Quis o destino que esta legislatura tivesse como principal centro o enfrentamento à crise da Covid 19. Por isso, em 2022, seguimos esse trabalho, buscando sempre uma ação coletiva e plural”, ressaltou.
O deputado ressaltou que os poderes e instituições de estado (Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público, TCE, Defensoria) são os primeiros parceiros da iniciativa, mas que já a partir da próxima semana ocorrerão novas adesões. “Mas quero deixar bem claro, esta é a primeira fase do Movimento, que é aberto a todas as entidades da sociedade civil que desejarem somar esforços”, completou o presidente da ALRS. Valdeci afirmou também que irá provocar uma discussão sobre as formas legais de reforçar o trabalho das cozinhas solidárias e das pequenas entidades que, por questões burocráticas, não podem firmar parcerias de modo direto com o poder público, como é o caso do Movimento Ação Pela Cidadania, que congrega diversas organizações.
Diretrizes
A assistente social Paola Carvalho, que será a coordenadora executiva do movimento, apresentou os objetivos e diretrizes da iniciativa capitaneada pelo parlamento gaúcho. Além de fortalecer, dar visibilidade e ampliar as ações já existentes de combate a fome, o movimento pretende também estender parcerias, buscando as câmaras de vereadores e entidades sociais, para massificar o trabalho emergencial. A promoção de ações complementares, como a realização de debates, a criação de um selo contra a fome e a realização de eventos, como o “futebol contra a fome”, também estão na mira do movimento, segundo Paola.
O movimento terá um comitê gestor, integrado por representantes de todos os poderes, e os alimentos doados serão encaminhados para a Central de Doações do RS, coordenada pela Defesa Civil, e de lá serão repassadas para as entidades.
Após a assinatura do termo de adesão, os representantes dos poderes se manifestaram, ressaltando que aderiram à ideia no mesmo momento em que foram procurados pelo presidente do parlamento gaúcho. “Já estamos tratando do assunto em nossos encontros regionais e pretendemos recolher duas toneladas de alimentos para contribuir”, revelou o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Alexandre Postal.
O governador Ranolfo Vieira Júnior disse que, de imediato, colocou a Defesa Civil à disposição para operacionalizar a coleta das doações, e falou sobre as ações que o Executivo já vem realizando e que contribuem, de forma direta ou indireta, para minimizar o problema, como o auxílio SOS Estiagem para os agricultores e o Programa Devolve ICMS, voltado às famílias carentes.
Já a presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Íris Helena Medeiros Nogueira, declarou que o “Poder Judiciário do século XXI não se limita a julgar processos, mas atua para construir soluções conjuntas para enfrentar os desafios contemporâneos, que são muitos”. O subprocurador-geral do estado, Júlio César Melo, e a defensora pública-geral do estado em exercício, Rafaela Consalter, também se manifestaram.
Apresentações do Grupo Choro da Orquestra Villa-Lobos e do cantor nativista Daniel Torres encerraram a cerimônia.
Como contribuir
A primeira doação ao Movimento Rio Grande contra a Fome foi de cinco toneladas de arroz e veio de uma empresa gaúcha, localizada na região Fronteira Oeste. A doadora pediu para não ter o nome divulgado, alegando que tem como objetivo “reforçar a solidariedade sem publicidade”.
Mais informações sobre a campanha e sobre as formas de contribuir podem ser obtidas no Hotsite Fome e no Whatsapp (51) 995483274.