Adoro assistir um bom e disputado Gre-nal. Acredito que todo gaúcho ou gaúcha também. Melhor ainda é ganhar o Gre-nal, na casa do adversário e nos minutos finais. No entanto, por mais que admire a tensão dos Gre-nais, não é salutar quando o ambiente deles é transferido para outros setores, como para a política. Quando isso acontece, o clássico deixa de ser esportivo para ser nocivo.
Durante alguns bons anos, como se sabe e já se noticiou bastante, a política gaúcha virou Gre-nal. A disputa de projetos e ideias se transformou numa rancorosa batalha onde quase inexistiam espaços para o diálogo, a concertação e para convergências. Nessa época, as divididas de bola entre os volantes colorados e gremistas numa disputa de Campeonato Brasileiro eram bem mais suaves que o engalfinhamento político registrado aqui. O Gre-nal da política enfraqueceu o Rio Grande, que neste período teve seus indicadores educacionais, sociais e econômicos reduzidos frente aos outros estados. A culpa por esse cenário foi de todos, do meu partido e dos partidos antagônicos. Ao menos esses anos serviram para demonstrar que a briga permanente causa somente um rastro de prejuízos.
Menos mal que a tormenta não deixou terra arrasada e mudanças, paulatinamente, acontecem. Sem renunciar posições, os setores, entidades e autoridades que são o motor do nosso Estado começam a estabelecer um caminho de consensos. A união pelo metrô de Porto Alegre é um exemplo. Toda bancada gaúcha, estadual e federal, está unida em torno deste projeto que é um divisor de águas para a mobilidade urbana de Porto Alegre e, sendo assim, do Rio Grande. A Expointer, é outro desses exemplos. Há muito que a nossa maior feira agropecuária, orgulho do Estado, tinha ofuscada a sua produção animal e agropecuária em função das “cotoveladas” políticas que transcorriam nas solenidades oficiais. Em 2012, este cenário mudou e tivemos uma Expointer pacífica, com excelentes resultados e muitos visitantes.
Aqui na Assembleia Legislativa, a casa da política gaúcha, o embate é forte. Oposição e situação se confrontam, como determina a democracia. Todavia, há um clima e um ambiente de colaboração. E não apenas a disputa pela disputa. Como ex-prefeito, numa época que tinha cinco vereadores de situação e 16 de oposição, vejo o quão importante é isso tanto para a gestão do Estado quanto para a gestão do Parlamento. Prova significativa disso é a relação da bancada santa-mariense. Eu e o deputado Jorge Pozzobom defendemos projetos políticos distintos para o Rio Grande e para o Brasil. Eu sou do PT. Ele do PSDB. Eu gremista, ele colorado. Isto não impede de dialogarmos e trabalharmos juntos por projetos que beneficiem Santa Maria e região. Na confraternização do meu aniversário, dias atrás, ele foi convidado e esteve presente.
São alguns exemplos do presente que no passado não ocorriam ou ocorriam pouco. Quem sabe o tempo perdido não seja recuperado com a bola recolocada ao centro? Espero que sim e trabalharei para que sim. O Rio Grande precisa de entendimentos. Precisa de meio-campistas técnicos e determinados e não de volantes ríspidos. Que me perdoe o Celso Roth. (Valdeci Oliveira – Deputado estadual)