Por Valdeci Oliveira –
A opção brasileira pelo transporte rodoviário, seja para a integração das regiões ou para ofertar soluções de logística à industrialização nacional, trouxe junto também a necessidade de manutenção a uma extensa malha viária por onde transitam caminhões de carga, ônibus de passageiros e veículos de menor porte. E com isso vieram os problemas, pois, ao longo do tempo, muitos governos avaliaram que o custo para manter isso tudo era alto demais.
Assim, quase como uma regra não escrita, gestores públicos, a depender do vento, ou ignoravam a necessidade de permanente cuidado com nossas rodovias, fazendo com que estas oferecessem riscos à segurança de quem nela trafegava, atrasos nos deslocamentos e prejuízos mecânicos aos motoristas, ou as entregavam à iniciativa privada por meio de concessões – em muitos casos não sem antes fazerem obras de recuperação com o dinheiro público.
Com o anúncio na última quarta-feira (25) de quatro ordens de serviço garantindo R$ 778 milhões direcionados exclusivamente para obras em rodovias federais localizadas em solo gaúcho, o governo do presidente Lula mostra que não se enquadra em nenhum dos grupos anteriormente citados e assume a responsabilidade enquanto dirigente central para com os entes federados.
E como tenho afirmado, não se trata de favor, mas de obrigação, de escolha política. A questão é que esta era uma realidade muito distante dos nossos olhos até pouco tempo atrás. Para efeito comparativo, o que a União disponibilizou para o Rio Grande do Sul, em 2023, para aplicação em infraestrutura viária soma R$ 1,89 bi, sendo que pouco mais de R$ 1 bi já foram investidos em obras até agora. E a previsão dos órgãos responsáveis é que, com as cifras agora garantidas, até o final de 2023, teremos R$ 1,5 bi de fato direcionado e aplicado nos serviços de melhoria e expansão na malha rodoviária federal no território gaúcho. Ou seja, é praticamente três vezes o valor do que chegou aqui em todo o ano passado.
Na lista das obras, a reabilitação da Ponte do Fandango, na BR-153, em Cachoeira do Sul; recuperação, restauração e manutenção de 95,5 quilômetros da BR-290, entre Caçapava do Sul e São Gabriel; e de 79 quilômetros da BR-392, entre Caçapava e Santa Maria; duplicação do lote 6 da BR-116, em Cristal, e a duplicação do trecho rodoviário (este sob concessão privada) na BR-386, entre os municípios de Soledade e Fontoura Xavier.
Não presente nessa lista de novas obras, mas tão importante quanto todas essas iniciativas que virão a seguir, o projeto da Travessia Urbana de Santa Maria – maior ação de infraestrutura da história da cidade e da região – também teve a retomada dos seus serviços autorizados pelo governo nesta semana, o que é muito positivo. Com isso, as obras da Travessia – que estão mais de 90% concluídas e que preveem a construção de viadutos e a duplicação dos trechos rodoviários federais que cortam Santa Maria – devem ser concluídas até o final do primeiro semestre do ano que vem.
Não poderia encerrar essa breve análise sobre tema rodoviário sem destacar o fato de que, no dia do anúncio dos novos investimentos para as estradas gaúchas, o governador Eduardo Leite, além do educado reconhecimento às iniciativas, cobrou da União por mais recursos e incentivos no nosso território. Isso é um bom sinal, levando-se em conta que a política ultraliberal implementada pela gestão federal anterior sequer dava margem para isso.
Sim, o governo do presidente Lula, gostem ou não, faz bem ao Brasil e ao Rio Grande. E a cena do governador agradecendo e buscando mais acesso a recursos demonstrou bem a diferença da relação republicana vivida hoje pelo chefe do Executivo gaúcho. Basta agora ele fazer a lição de casa e também buscar cumprir com suas obrigações.
(Foto: Divulgação/DNIT)