Por Valdeci Oliveira –
Nesta sexta-feira, dia 24 de março de 2023, publico – neste nobre espaço de opinião – meu ducentésimo artigo. São mais de quatro anos de uma parceria profícua, em que a cada semana me manifesto junto a uma qualificada audiência de leitores e leitoras sobre os mais diferentes temas, prática interrompida apenas nos períodos eleitorais em respeito à legislação.
E nessas duzentas semanas foram muitos os assuntos abordados, do resguardo da democracia e do estado democrático de direito passando pela valorização da nossa UFSM e contra os cortes em seu orçamento até a defesa intransigente do Hospital Regional, tema do nosso artigo de estreia, no dia 1º de março de 2019.
Nesse espaço, fiz calorosas manifestações em nome da nossa querida Santa Maria e do seu povo, suas qualidades e problemas; ponderei a respeito da importância da organização e participação populares como ferramentas de conquista da cidadania; do quanto é fundamental se estender a mão – e ofertar o ombro, se necessário – a quem precisa; da relevância da Feicoop e do cooperativismo que colocaram nosso município e região como referência nacional e internacional na economia solidária, mostrando que uma outra economia, mais justa e inclusiva, é possível de ser praticada.
Em ocasiões distintas, dediquei muitas palavras a homenagear nomes como o da Irmã Lourdes Dill e sua garra e compromisso em defesa dos excluídos. E assim também o fiz com as saudosas figuras de Herbert de Souza, o Betinho, e Dom Ivo Lorscheiter, que, lutadores que foram, tiveram seus nomes inscritos nas páginas da história do combate à miséria que ainda condenam nossos irmãos e irmãs a uma pena por um crime por eles não cometido.
Também fizeram parte desse rol de figuras humanas muitos homens e mulheres que fizeram parte da minha trajetória e juntamente comigo buscaram construir as condições para pavimentar a estrada que um dia nos levará a um mundo mais justo e igualitário.
Nesses mais de 1,4 mil dias, sempre me manifestei com total liberdade, nunca fui tolhido quanto a externar minhas preocupações, desejos e avaliações das conjunturas então apresentadas, tivessem elas um caráter político ou pessoal.
Nesse espaço do mundo virtual, cujo alcance é imensurável, também publicamos textos abordando os direitos das meninas e mulheres e a necessidade de repudiarmos em todas as horas e lugares a violência a que são submetidas cotidianamente; a dor e a injustiça do preconceito contra negros e negras; o direito de nossas crianças terem acesso a uma educação pública de qualidade e de que seus professores e professoras sejam realmente reconhecidos e valorizados, tanto pela sociedade como pelos governos.
Aqui falamos sobre guerras e sobre paz; sobre amor ao próximo e sobre o ódio que muitos trazem em seus corações em relação aos seus oponentes políticos; sobre dar valor a quem amamos, a dor da perda e a alegria que é ver um neto e neta virem ao mundo.
Ao longo desse tempo, a partir de cerca de 800 mil letras carinhosamente digitadas, juntadas para expressar o que penso e defendo e para prestar contas dos mandatos aos quais fui eleito, também falamos sobre a vida em seus mais diferentes aspectos, as incertezas existenciais a que somos expostos e a busca por respostas que muitas vezes não chegam a nós. Aqui expus minhas dúvidas e registrei convicções.
Certamente errei em alguns casos, mesmo tendo me esforçado sempre para acertar. Como diria um amigo, isso faz parte do jogo e do aprendizado diário. No espaço a mim oferecido pelo Claudemir Pereira, profissional cujo trabalho jornalístico é reconhecido e admirado para além das paragens santa-marienses, também divaguei sobre o papel do estado, suas obrigações para com o nosso povo e a importância da sociedade se apropriar dos múltiplos mecanismos e interesses que o fazem se mover, para assim melhor compreendê-lo, disputá-lo.
Com os leitores e leitoras, dividi minhas angústias e revolta com o descaso dos governos frente à pandemia e à falta de empatia com a dor alheia. E da mesma forma, procurei chamar a atenção à questão da fome de milhões de seres tratados como invisíveis, indigentes.
E a depender de mim, redigirei outros duzentos artigos, “catarei milho” para produzir outras milhares de letrinhas e continuarei participando semanalmente deste ambiente democrático, cuja maioridade será atingida no mês de abril, que acolhe a todos e todas, independentemente de suas visões de mundo.
Num momento em que enfrentamos polarizações e disseminação de falsas e duvidosas narrativas, contar com um espaço de tamanha seriedade e qualidade é um privilégio que engrandece Santa Maria e qualifica o debate público. Obrigado, Claudemir Pereira, pela oportunidade! Obrigado, Santa Maria e região, pela audiência semanal!