Por Valdeci Oliveira –
Uma eleição é uma espécie de julgamento, de um plebiscito em que a vontade popular manifestada deve ser respeitada e reconhecida por quem escolheu disputá-la. É também uma caminhada em que aquele ou aquela que percorrê-la só não chegará a lugar algum. Porém, seu resultado nem sempre reflete os verdadeiros desejos da população em questões como saúde, moradia, educação, emprego e direitos sociais. O resultado saído das urnas, no domingo passado, demonstra bem isso, pois estamos falando de partidos que contribuíram decisivamente, nos últimos anos, para a precarização dos empregos, da retirada do direito à aposentadoria digna e de todas as políticas públicas voltadas à inclusão social e distribuição de renda.
Mas como em tudo na vida, uma eleição é também um aprendizado. E mesmo quem já participou de inúmeras ao longo de sua vida como eu não sai da disputa da mesma forma como entrou. Neste pleito, cujo primeiro turno recém encerrou, presenciei a garra e a evolução do companheiro Luciano Guerra, o candidato do Partido dos Trabalhadores a prefeito de Santa Maria. Luciano também não sai dela indiferente. Muito pelo contrário. Terminou a eleição muito maior do que quando entrou. Mostrou que, mesmo diante das inúmeras adversidades impostas pela conjuntura – como a pandemia, uma pequena coligação, além das restrições financeiras -, podia fazer a diferença. E o fez.
Luciano demonstrou uma grandeza pouco vista na política, aquela em que um homem ou uma mulher abre mão de uma vitória certa, no caso dele ao cargo de vereador, e atende ao chamamento de seus companheiros e companheiras e os representa e defende seus princípios. Desde o primeiro momento, ele sabia que os desafios seriam enormes, que entraria numa disputa em que a máquina pública estaria a serviço de outros nomes e que as restrições de mobilidade imporiam limites ao contato direto com os eleitores, uma das principais valências da militância petista. Mas nem por isso esmoreceu um minuto sequer.
O vereador mais votado de nossa bancada nas eleições de 2016 arregaçou as mangas, vestiu sua máscara de proteção e partiu para a luta. Ouviu inúmeros setores da sociedade antes de elaborar seu plano de governo. Aliás, naquela ocasião, escutou muito mais do que falou, pois ele acredita que ao ouvir seu interlocutor a pessoa sai de sua zona de conforto e elabora mais precisamente os sentimentos alheios.
Luciano fez uma campanha determinada. Seja nas ruas ou por meio das redes sociais e dos espaços da propaganda eleitoral, ele dialogou exaustivamente com as pessoas, mostrando suas propostas e pedindo um voto de confiança a um projeto que visava trazer de volta a Santa Maria políticas de participação popular, inclusão social e da geração de oportunidades para todos e todas. Quando cansava, abraçava rapidamente as filhas e a esposa Cibele – que participou ativamente das atividades eleitorais -, respirava fundo e partia novamente para a “peleia”.
Luciano Guerra entrou nesta eleição sem nunca ter disputado um cargo ao Executivo e mesmo assim chegou muito perto de passar para a próxima etapa da disputa – a diferença foi de pouco mais de 1,2 mil votos para o segundo colocado. O desempenho de 31.843 votos ficou muito perto da soma dos votos dos outros três candidatos que chegaram depois dele na disputa.
Essa eleição mostrou a Santa Maria que o nome de Luciano Guerra veio para ficar. Ele termina a disputa eleitoral consolidado como uma liderança política comprometida com as transformações sociais, a democracia, a tolerância, os direitos das trabalhadoras e trabalhadores, a defesa do serviço público e das parcelas mais vulneráveis da sociedade. Esse pleito cristalizou, na figura do Luciano, o engajamento com o combate às desigualdades e todas as formas de opressão e discriminação.
Aqueles que esperavam que Luciano desempenhasse o papel coadjuvante de “poste” equivocaram-se rotundamente. O “coloninho” (como ele próprio descreve-se), que cresceu com uma enxada na mão no interior de Santa Maria, mostrou que simplicidade e humildade não significam ingenuidade, e que características como essas podem e devem moldar as nossas lideranças e os nossos gestores.
Agradeço e parabenizo, de público, o Luciano pela bravura demonstrada, a qual honrou as tradições do PT e ganhou o respeito da cidade. Agradeço também indistintamente a todos e todas que estiveram ao seu lado nessa trincheira, especialmente àqueles homens e mulheres que colocaram a “cara a tapa” como candidatos e candidatas a vereador e, assim, ajudaram a construir uma bancada de três parlamentares, integrada pela Marina Callegaro, pelo Ricardo Blattes e pelo Valdir Oliveira, militantes que, tenho certeza, desempenharão mandatos aguerridos, participativos e identificados com as causas populares. A nossa luta e a nossa caminhada continuam!
(Artigo originalmente publicado no site www.claudemirpereira.com.br)