Por Valdeci Oliveira –
Tivemos uma semana bastante atribulada na condução dos trabalhos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Os temas em debate no Parlamento nos últimos dias foram bastante quentes e controversos (Regime de Recuperação Fiscal, dívida do Estado com a União, etc), as galerias do Plenário 20 de Setembro lotaram e, para completar, anunciou-se a chegada de um ciclone sob o nosso território. Como precaução, assim como fizeram outras instituições, nós liberamos com antecedência a maior parte dos servidores do Parlamento gaúcho para que pudessem chegar em casa com toda a segurança possível.
Todos esses acontecimentos ocorreram exatamente na última terça-feira, 17 de maio, dia dos 164 anos de Santa Maria, uma data muito especial e simbólica para nós, santa-marienses. Claro que não deixamos de homenagear a cidade e de lembrar dos nossos queridos conterrâneos. Inclusive, devido à importância do momento, nós quebramos um pouco o protocolo legislativo para, em meio a sessão plenária, fazer uma manifestação dirigida ao município.
Como o tempo naquele dia foi extremamente curto em razão de todos os acontecimentos citados, fazemos questão de aproveitar a coluna de hoje, neste espaço genuinamente santa-mariense que é o site do Claudemir Pereira, para, com mais calma, reforçar a nossa devoção a essa terra encravada estrategicamente no Coração do Rio Grande.
Muito se fala sobre as qualidades, potenciais e atrativos que fazem de Santa Maria um lugar por demais aprazível de se viver. Claro que há problemas, claro que sempre se quer e se busca mais infraestrutura, mais oportunidades, mais qualidade de vida. Mas não há como não reconhecer que na matemática entre os pontos favoráveis e desfavoráveis (e todas as cidades têm prós e contras), a primeira opção ganha com larga vantagem.
Poderia citar aqui diversas coisas que me fazem reverenciar Santa Maria. Poderia citar, por exemplo, a qualidade do convívio com as pessoas, que aqui – em comparação com cidades do mesmo porte – parece ser muito mais direto, humano, aquecido. Poderia citar a capacidade da cidade de oferecer oportunidades de crescimento para as pessoas, mesmo com as desigualdades sociais que existem aqui como existem em todos os cantos do país.
Em Santa Maria, a partir da rede de educação existente – e que precisa permanentemente ser defendida, valorizada e fortalecida – milhares de pessoas com muitos sonhos na mente e pouquíssimo dinheiro no bolso conseguiram conquistar um diploma ou tornaram-se mestres, doutores ou técnicos bastante especializados.
Também poderia citar a capacidade que Santa Maria tem de acolher pessoas que vêm dos quatro cantos do país e até de fora dele. Enquanto o Brasil e o mundo debatem profundamente formas de combater a discriminação, o preconceito e o ódio, Santa Maria, historicamente, tem uma capacidade muito bonita e natural de unir e agregar diferentes culturas e costumes.
Santa Maria é muito especial e diferente também pela sua vertente cultural, pela sua juventude sempre em metamorfose, pela atividade dos muitos grupos da terceira idade aqui existentes, pela tradição ferroviária e militar, pelos serviços de saúde que dispõe, pela força do seu comércio, pela tradicional Feira do Livro, pela economia solidária, pelos servidores públicos. E como não reverenciar a beleza, o talento e a determinação das mulheres santa-marienses.
Enfim, passaria dias e mais dias justificando os motivos que fazem de Santa Maria um pedaço de chão tão marcante. Mas finalizamos essa singela homenagem lembrando que a generosidade da “Boca do Monte” e do seu povo é tão grande que permitiu, inclusive, que este cidadão aqui, um simples filho de um casal de pequenos agricultores, um simples metalúrgico de profissão, um simples morador da periferia da cidade, viesse a se tornar vereador, deputado federal, prefeito, deputado estadual e agora presidente da Assembleia Legislativa, o segundo posto político mais importante do Rio Grande.
Mas o que mais me faz ser agradecido a Santa Maria não são as vitórias e os avanços obtidos na política. Eu agradeço todos os dias a Santa Maria por ter me dado a minha esposa Elaine, as minhas filhas Tamara e Diossana, as netas Bethina e Maria Luísa, o meu neto João Bento e também uma enormidade de amigos e amigas que nos dão força e boas energias para trabalhar ativamente pelo coletivo. Mais uma vez, meu muito obrigado a essa cidade que tem uma capacidade tremenda de transformar sonhos em realidade.
(Artigo originalmente publicado no site www.claudemirpereira.com.br)
Imagem: Arte de Gibran Carrazzoni/Prefeitura de S.Maria