É sábia aquela sentença que diz que para se descobrir como uma pessoa é de fato, basta-lhe dar o poder. É muito comum o poder mexer com a cabeça de um ser humano e transformar rapidamente bons em vilões, simpáticos em prepotentes e humildes em ambiciosos. E se há um setor que se presta para fomentar essa metamorfose, esta área é a política. O status muitas vezes fugaz da política costuma “embrigar” alguns que agem de uma forma quando precisam de apoios e agem de outra depois que recebem a caneta. Pois talvez seja por causa do inverso desta situação é que desde domingo (13) a região Central do Estado, e, em especial, a cidade dos Poetas, a querida Santigo, estejam tão tristes. A perda do deputado Francisco Gorski, o Chicão, é daquelas notícias que derrubam a moral de qualquer um. Se quem conhecia pouco o Chicão está infeliz, imagina aqueles que conviveram com ele, que foram governados por ele, quando prefeito e vice-prefeito, ou que foram representandos por ele na Assembleia Legislativa. No velório de Chicão, adversários e aliados choravam próximos. A dor generalizada se explica em uma frase: o Chicão nunca mudou o jeito de ser. Foi o mesmo antes e depois de ser prefeito e deputado. Foi acessível, simples e direto antes e continuou sendo depois de chegar ao poder. O mais provável até é que ele, depois de afamado, tenha ficado ainda mais solidário e mais humilde. De tão simples, não gostava nem de ser chamado de Francisco Gorski. Atendia por Chicão, seja no CTG, no campo do Cruzeiro de Santiago ou no plenário 20 de Setembro, local mais emblemático da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Chicão foi daqueles políticos que antes de mais nada olhava primeiro a pessoa e depois os números, o orçamento, a conjuntura, etc. E como é bom quando se tem políticos e autoridades que priorizam o ser humano antes da aritmética fria da gestão pública. Por tudo isso são inevitáveis neste momento as lágrimas, a tristeza e o vazio. O chefe lá de cima tem a mania de levar os bons cedo. Certamente porque precisa reforçar o time de lá. Mas passado algum tempo a perda de Chicão servirá como guia. Não é pequeno o legado que ele nos deixa. Que a preocupação com o esporte, com o social, com as crianças e com o desenvolvimento regional, sempre tão presentes no trabalho deste colega, espelhem o maior número possível de homens públicos por esse estado afora. O Rio Grande e o Brasil precisam de mais Chicões, de mais “construtores de sonhos”. O Brasil e o Rio Grande precisam de mais políticos que simplesmente olhem para as pessoas antes das estatísticas. (Deputado Estadual Valdeci Oliveira – PT/RS)