Por Valdeci Oliveira –
A semana terminou com a mostra inequívoca de que nossos ‘patriotas’ não resistem sequer a um exame mínimo de autenticidade. Para esse grupo, basta vestir a camisa da Seleção Brasileira e gritar algumas palavras de ordem em desfavor de Lula que está de bom tamanho, pois lhes faltam argumentos que sustentem suas posições.
Até aqui, isso não seria um problema, pois de imbecis boquirrotos o mundo está cheio e com eles a humanidade convive a milênios. O problema começa quando este segmento coloca em risco nossas democracia, soberania, economia, empregos e renda do nosso povo.
De tanto que mentiram, de tanto que tramaram, articularam e manipularam narrativas com falsas alegações contra nossos sistemas eleitoral e jurídico, o valentão cor de laranja, hoje instalado na Casa Branca, aplicou uma tarifa de 50% em todos os produtos produzidos por brasileiros e vendidos para os EUA.
Na sua justificativa, Trump diz que o Brasil explora o seu país, ganha demais na relação comercial e, pior, persegue opositores e não oferece segurança constitucional para a ampla defesa de quem é processado. E diz isso com tanta tranquilidade que algum desavisado é capaz de esquecer das vezes que o “Tio Sam”, sem amparo legal, prendeu, perseguiu e matou – dentro e fora de suas fronteiras – quem se dispusesse a contrariá-lo.
Trump é um mentiroso contumaz, como todos sabem. Mas, para além do ego inflado, tem força militar e econômica suficientes para causar dor de cabeça e atrapalhar o desenvolvimento alheio. Para justificar a tentativa de empastelar nossa agricultura e indústria – e por tabela os empregos e divisas por ambas gerados, como forma de pressionar o STF a livrar Bolsonaro dos crimes que cometeu -, o mitômano esconde que pelos menos desde 2009 a balança comercial pende para os americanos, num saldo positivo acumulado de cerca de U$ 90 bi até o mês passado.
O nível de mentira foi além, destacando, pasmem, o ‘grau de ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos norte-americanos’. A questão é tão absurda, surreal e sem nenhum amparo técnico-econômico que grupos notada e historicamente com posição contrária ao governo, como o jornal Estadão, porta-voz do conservadorismo paulista, a CNI, representante da indústria nacional, e a Frente Parlamentar da Agricultura, emitiram notas criticando a medida e pedindo ajuda ao presidente Lula, pois não haveria nenhuma justificativa que sustentasse a nova taxação.
Dentre as várias análises de especialistas que li nas últimas horas, uma que me chamou atenção, pelos termos precisos, foi a de uma deputada alemã que integra o parlamento europeu, Anna Cavazzini, do comitê responsável pelas relações comerciais entre o continente e os estadunidenses.
Para ela, de um modo geral, Trump elabora suas ‘taxas’ não por questões ou ganhos econômicos, mas por pura coerção a ‘serviço de suas próprias crenças políticas’. Ou seja, chantagem em estado bruto para interferir na soberania alheia. E esta chantagem, por aqui, tem nome e sobrenome.
Ao fugir do Brasil e se instalar nos Estados Unidos, bancado pelos milhões de reais que o pai, inelegível e prestes a ser preso, amealhou junto a seus seguidores, o deputado Eduardo Bolsonaro jogou no lixo o jargão ‘Brasil acima de todos’ e colocou o país muito abaixo dos interesses da sua família. E não importa o tamanho do prejuízo que nossas empresas terão, dos milhares de homens e mulheres que ficarão sem trabalho ou se a renda média da população voltar a cair.
Ora, se existe algo mais antipatriota que isso me avisem.
Mas não há, de certa forma, surpresa alguma nisso, pois essa tem sido a postura da nossa direita chucra, que bate continência à bandeira estadunidense, se posiciona contra cobrar impostos de bilionários e aplaude taxar o seu país na esperança de beneficiar unicamente Bolsonaro. E a família deste, que sabotou o país e o povo, pressionou, articulou e investiu na retaliação ao Brasil, o faz a partir de uma guerra que não utiliza soldados, bombas ou drones, mas da chantagem econômica, como é o caso de Trump.
Desesperados diante de tamanho “tiro no pé”, buscam colocar a culpa em Lula e no STF, como se o povo brasileiro fosse em sua totalidade a massa de manobra a que se acostumaram a ver acampada na frente dos quartéis.
Com mais essa patacoada da direita, a lista de insanidades, que já contava com negacionismo da vacina, retirada de direitos sociais, enriquecimento ilícito e tentativa de golpe, conta agora com o vira-latismo subserviente a uma nação estrangeira e crime de lesa-pátria.
Mas o que não sabem, tanto por conta da soberba quanto da própria ignorância que exala por cada poro de seus corpos, é que temos hoje na Presidência da República uma pessoa para quem a palavra ‘Soberania’ é mais do que um simples termo a constar nos dicionários da língua portuguesa. Para Lula, Soberania é defender os interesses do Brasil e os direitos do seu povo.
Soberania é o verdadeiro patriotismo.
Os antipatriotas, os traidores da pátria e os golpistas fracassados, NÃO PASSARÃO!