Por Valdeci Oliveira –
Até parece coincidência. Bastou o fechamento das urnas e a realidade das finanças públicas de Santa Maria mudou de rumo. Dos status de “sob controle”, “saudável” e “em dia” passamos para o modo “veja bem”, redução de investimentos e ameaças de falta de recursos para honrar a folha de pagamento municipal. O mundo “cor-de-rosa” e pujante das propagandas eleitorais deu lugar a um balde de fria realidade, acordando os incautos, alertando os desavisados e trazendo à realidade quem acreditou naquela fictícia publicidade. Mas não sem antes desmascarar – e em certo ponto envergonhar – aqueles que pintavam um quadro com as mais singelas cores. Mas como a vergonha não é algo que lhes perturbe o sono, é como se nada tivesse sido dito ou fosse da responsabilidade daqueles que há mais de uma década vem se revezando nos ditames do Paço Municipal.
Mas para quem ainda acha se tratar apenas de coincidência, lembro que para o ‘Determinismo’, uma corrente filosófica, todos os eventos que vivemos no agora são ou foram causados por fatos pretéritos, tornando a ‘coincidência’ uma simples manifestação de causas e efeitos predeterminados.
Também não é ‘coincidência’ o fato de que a conta, como sempre, recairá sobre os ombros de quem apenas contribuiu, religiosa e longamente, para uma aposentadoria decente e conforme as regras postas: os servidores municipais. É a repetição do utilizado contra a Previdência federal, em 2019, que desfigurou o acesso dos trabalhadores celetistas a proventos dignos na velhice e o feito aqui no RS pelo atual governador, que aumentou a idade mínima, ampliou alíquotas e passou a cobrar também dos inativos. Muda-se o dono, mas o cavalo é sempre o mesmo.
Como forma de resistência, educadores da rede municipal preparam movimento paredista para a próxima sexta-feira (13). Ao colocar na balança, eles – assim como os demais servidores -, veem que não têm nada a perder, a não ser o peso da injustiça.
A luta é por valorização, reconhecimento, dignidade e respeito, tendo sempre o diálogo e a negociação como norte a ser seguido e a transparência como mantra a ser repetido.
E cabe a nós, sociedade, termos a capacidade de compreender a história e a luta de uma categoria cujo trabalho em prol de Santa Maria reúne formação da cidadania, o compartilhar saberes e a educação dos nossos filhos e netos. Mas, que ameaçados pela perda de direitos, sonhos e conquistas não lhes resta nada se não buscar brecar a precarização social a que serão jogados logo ali adiante.
(Artigo publicado originalmente no jornal Diário de Santa Maria – edição de 12/junho/2025)