A manutenção do Banrisul como empresa de economia mista, com o estado do RS no papel de controlador e maior acionista, ganhou mais um capítulo nesta terça-feira (30), com a reinstalação da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público da Assembleia Legislativa, que será presidida pelo seu proponente, o deputado Zé Nunes (PT). Representando a presidência da Casa Legislativa, o deputado Valdeci Oliveira (PT), segundo-vice-presidente na atual gestão, fez um forte discurso pela conservação do banco como um ativo importante para a população gaúcha, ressaltando não existir marca mais forte no RS do que a da própria instituição financeira. “Para desenvolver, o Estado precisa da sustentação de um banco público como o Banrisul. O trabalho desta Frente tem colhido muitos frutos, afinal, com todas as ameaças, o banco continua forte, sendo de todos e todas”, avaliou. “É muito importante para que o banco continue, verdadeiramente, dos gaúchos. Sabemos das intenções do governador Eduardo Leite. Assim como ele assumiu compromisso público de não privatizar a Corsan, e o fez, não tem como garantir que ele não está preparando também a privatização do Banrisul. E a frente está atenta a isso”, defendeu Zé Nunes. Segundo o parlamentar, diversas lideranças políticas têm se manifestado a favor da privatização do banco, que na sua avaliação é um grande equívoco. “Precisamos do banco público para poder executar políticas públicas de inclusão financeira a setores gaúchos que não têm oportunidade. O Banrisul tem um grande papel a cumprir, neste sentido”, sustentou.
“Qualquer governo precisa compreender que o estado, para se desenvolver, precisa de sustentação de um banco que tem história, a capilaridade e as condições que o Banrisul possui e não pensar em sua privatização. E essa mobilização tem valido a pena”, ressaltou Valdeci, lembrando uma declaração do atual governador, feita em 2021, em que este afirmava ser inevitável a venda do banco. “A luta, não só da Frente e da nossa bancada, mas de todos vocês, com organização, com a comunicação com a sociedade, a informação do que significa a privatização do Banrisul e a reafirmação do seu papel e sua importância, tem surtido efeito”, assegurou, ressaltando que os movimentos feitos pelo executivo gaúcho para justificar a entrega do banco tem sido executada “aos poucos, criando condições para desagradar a população, os clientes, deixando a atuação da instituição a desejar. Trata-se de uma receita utilizada há muitos anos e aplicada em todos os órgãos e empresas que foram entregues à iniciativa privada, como as ferrovias, a CRT, a CEEE e agora a própria Corsan, que ainda não conseguiram.”
Ações de mobilização
O objetivo da Frente é promover ações de mobilização em defesa do Banrisul público e o debate amplo e transparente sobre a sua importância para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Ao longo dos seus 95 anos, a instituição se consolidou como banco múltiplo, operando nas carteiras comercial, crédito, financiamento e investimento, crédito imobiliário, administração de cartões de crédito e consórcios, entre outras atividades. Nas diversas falas registradas, procurou-se destacar as características de solidez e lucratividade, sua identidade histórica e cultural com a população e atuação íntima e profundamente ligada ao desenvolvimento do Estado, com presença na maioria dos municípios do RS. Também foi muito citado o papel do banco que, a depender de escolhas políticas sérias e voltadas ao fomento econômico por parte do governo estadual, este cria condições para operar políticas públicas importantes, tanto no meio urbano quanto rural.
Para o presidente do SindiBancários, Luciano Fetzner, o Banrisul faz parte do dia a dia de todos os gaúchos, distribuindo recursos e políticas sociais. “Esperamos que com a troca de gestão, os ventos do banco soprem para as mesmas mudanças que estão ocorrendo na política nacional, temos que trabalhar muito para que o banco sirva aos interesses da maioria”, disse. por sua vez, a diretora da Federação Estadual dos Trabalhadores de Instituições Financeiras (FETRAFI), Raquel Gil de Oliveira destacou a luta histórica do banco que, segundo ela, salva prefeituras e famílias e que, portanto, deve ser uma luta de toda sociedade. “Precisamos nos afastar desta sombra de privatização e desmonte. O governo estadual precisa sinalizar com iniciativas que fortaleçam o banco. Não basta não privatizar, é necessário investir”, completou.
A Frente Parlamentar também irá, para além da sua atuação em defesa da permanência do banco como ente público, trabalhar para que a instituição volte a atuar fortemente no estímulo à economia do Estado, contra o enxugamento da empresa, a falta de investimento, ao fechamento de agências (principalmente no interior), na busca por melhorias do atendimento e relacionamento do banco com a sociedade gaúcha e no fomento via microcrédito para capilarizar recursos aos pequenos produtores e empreendedores. “Esta é a Casa dos grandes debates, das frentes de lutas e de mobilizações sociais e populares para evitar o desastre que os privatistas querem nos impor. E para evitarmos isso temos de combater sempre, de manhã, de tarde e de noite”, finalizou Valdeci antes de declarar a Frente Parlamentar reinstalada.