O deputado Valdeci Oliveira (PT) solicitou oficialmente, nesta terça-feira (30), que a presidência da Comissão de Assuntos Municipais (CAM) da Assembleia Legislativa encaminhe pedido de informações ao Departamento Autônomo de Estradas e Rodagens (DAER) sobre o asfaltamento do acesso ao município de Lagoa Bonita do Sul, na Região Centro Serra do Estado. A cobrança do parlamentar fez referência à manifestação do diretor-geral do DAER, Luciano Faustino, na própria CAM, no último dia 16 de maio, quando o gestor, a convite do Parlamento gaúcho, se manifestou sobre a situação das rodovias estaduais.
Na ocasião, ao ser questionado por Valdeci sobre a preocupante realidade apresentada em inúmeros trechos das estradas do estado, com críticas ao uso de materiais de pouca durabilidade em sua manutenção, em particular o utilizado na ligação asfáltica em Lagoa Bonita do Sul, Faustino sustentou que não haveria outra “alternativa técnica” a não ser o que havia sido feito. “A vida útil do que foi ou será aplicado naquele trecho de acesso, que deveria ser definitivo, será de 3 a 4 anos. Por que não utilizar o tradicional CBUQ? E a resposta foi de que não era tecnicamente possível, pois a contagem de tráfego não justificaria o material”, informou Valdec durante a reunião ordinária desta terça-feira da CAM. CBUQ é a sigla para concreto betuminoso usinado a quente, revestimento asfáltico mais conhecido e utilizado tanto em vias urbanas como em rodovias.
Durante sua manifestação, o parlamentar, que é membro efetivo da Comissão, pontuou ainda que, não é possível que uma ligação asfáltica, onde quer que seja, dure tão pouco. O estado diz não ter dinheiro, mas, ao mesmo tempo, desperdiça, joga fora. E isso é grave”.
No ofício a ser protocolado ao DAER, Valdeci solicitou que conste indagações – a serem respondidas por escrito – quanto às condicionantes, impedimentos e aspectos técnicos ou legais que impedem o uso do material tradicional. “Se essa moda pega, teremos inúmeros municípios, principalmente os pequenos, que são sempre os mais abandonados, com serviços meia-sola, para depois ter de fazer tudo novamente. É um desrespeito com os contribuintes e com as comunidades, que precisam e dependem desse tipo de infraestrutura”, criticou.
Segundo a gestão do DAER, os insumos que foram aplicados no caso de Lagoa Bonita do Sul não deram certo e, agora, a partir de aditivos ao contrato, ou seja, aumento de recursos para a empresa que está realizando a obra, será utilizado uma espécie de polímero, que permite a redução da espessura da camada do revestimento ao mesmo tempo em que aumenta a vida útil da via, entre outros benefícios. “Mas, na prática, não é o que temos visto. Fizeram a base e as primeiras camadas e não concluíram, apenas espalharam um produto selante. Agora, tudo está quase na estaca zero novamente, vários trechos deverão ser refeitos. E o que será colocado, tende a durar poucos anos. É um caso emblemático”, finalizou Valdeci.