É devastador assistir a imagem – captada em 25 de maio, na cidade norte-americana de Minneapolis – de um policial branco asfixiando com o joelho o pescoço de um homem negro – cujo nome era George Floyd – o qual se encontrava completamente dominado e com o rosto encostado no asfalto. Com olhar insolente, o representante da lei, que estava acompanhado de outros policiais naquele momento, seguiu com a manobra mesmo depois de Floyd (conforme atestam as imagens do vídeo que viralizou nas redes sociais) apelar pelo fim da ação, já que não tinha mais condições de respirar.
O policial simplesmente ignorou as palavras do seu algoz e ali, no meio da rua, à luz do dia, pôs fim, sem dó nem piedade, a mais uma vida negra.O fato, por ter sido gravado, por ter sido captado pelas lentes da sociedade, gerou uma comoção nos EUA e uma onda de violentos protestos, registrados já há vários dias em diferentes cidades do país, inclusive nas imediações da Casa Branca.
Mais que lamentar e repudiar fortemente mais uma caso vinculado ao racismo, a pergunta que não quer calar diz respeito aos inúmeros casos de violência e assassinato gerados por discriminação que não são flagrados por ninguém e que se repetem cotidianamente. Quantos negros e negras apanham mundo afora todos os dias sem que ninguém mais veja e se revolte? Quantos negros e negras já foram anônima e covardemente assassinados, seja a joelhadas, pauladas, facadas ou tiros, na calada da noite e da madrugada, nas nossas periferias?
Que a vida ceifada de Floyd, em um episódio tão repugnante, tão selvagem, sirva para conscientizar quem ainda não crê na existência e na crueldade do racismo. Racismo existe, racismo espanca, racismo mata. Racismo existe nos Estados Unidos, no Brasil, no Rio Grande e nas nossas cidades, sim. Reconhecer essa chaga é o primeiro passo para neutralizá-la coletivamente.Vidas negras importam! Racistas, não passarão!