Tenho certeza, no entanto, que a grande maioria do povo não ri nem faz piadas. A ordem de se retirar a liberdade de um dos poucos presidentes que olhou para o “andar de baixo” do Brasil é um sinal muito ruim para quem habita as periferias desse país desigual. É sinal contundente que a miséria, a pobreza e as diferenças sociais continuarão a despreocupar os poderosos de plantão.
Prender Lula é aprisionar também a esperança, a médio prazo, de se ter um país melhor e mais justo. É aprisionar a expectativa de retomada de um país soberano, altivo e mobilizado em promover educação, saúde e desenvolvimento. Para quem tem muito pouco – condição da imensa parte da população brasileira – perder essa esperança é perder muito.
Nesse momento TRÁGICO para nossa nação é preciso reafirmar em alto e bom som: Lula está sendo preso sem provas, sem vídeos, sem contas na Suíça, sem malas de dinheiro, sem flagrantes e sem ser protagonista de áudios comprometedores. O que sobra em todo esse processo, além do ódio de classe, é a convicção de que esse nordestino tem que ser encarcerado já, pois, do contrário, estaria condenado a presidir novamente o país, a distribuir renda e a, novamente, fazer com que ” a filha da empregada doméstica tenha tantas oportunidades quanto à filha do patrão”. E isso não é, e nem será tolerado pela velha direita reacionária, que tem urticária em ouvir a palavra Bolsa-Família, mas que louva as gordas isenções fiscais destinadas a ampliar fortunas de grandes empresários, latifundiários e dos especuladores do mercado financeiro.
O momento, repito, é trágico para quem sonha com a volta do Brasil da inclusão e da igualdade, que foi nosso até bem pouco tempo. O repúdio, a denúncia e o enfrentamento ao obscurantismo, a injustiça e ao fascismo são deveres que se impõem.
A minha voz e o meu corpo estarão engajados nessa missão. Tenho certeza que não faltarão muitas companhias em mais essa jornada de luta. Como lembrei recentemente, quem está nesse lado da luta é feito de desafios e de sonhos.”