Valdeci e Luciana Genro propõem Frente Parlamentar em Defesa dos Correios

A criação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) foi o principal encaminhamento da audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, na noite de segunda-feira (9), acerca da ameaça de privatização da instituição pública. O deputado Valdeci Oliveira (PT) e a deputada Luciana Genro (PSOL), proponentes da audiência, vão, a partir de agora,  dar início ao trabalho de recolhimento das assinaturas necessárias (o regimento exige 19 assinaturas de parlamentares) para formar o colegiado.  O objetivo é que a Frente Estadual reforce e complemente o trabalho realizado pela Frente Nacional dos Correios. “Temos convicção que vamos obter as 19 assinaturas. Os Correios são uma das empresas mais reconhecidas e valorizadas pelo povo brasileiro. Infelizmente, há uma gana privatista hoje no país e no estado que não leva em conta os interesses da população. A preocupação central é vender patrimônio público para grandes grupos econômicos lucrarem”, enfatizou Valdeci.

A deputada Luciana Genro lembrou que, atualmente, existem apenas oito serviços de Correios totalmente privatizados no mundo. E, segundo ela, a área de atendimento coberta por esses correios privados é menor que o território do estado do Mato Grosso. “Nos casos de privatização dos Correios, os preços sempre sobem e as opções de atendimento diminuem, porque as agências que não dão lucro são fechadas. A solução não é a privatização, é a profissionalização dos Correios”, defendeu ela.

A presidente da Associação dos Profissionais dos Correios, Maria Inês Fulginiti, afirmou que “as falácias ditas sobre os Correios têm de serem combatidas”. Ela ressaltou o reconhecimento nacional da instituição e a sua sustentabilidade financeira. “Os Correios não dependem do Tesouro Nacional para custear as suas despesas. Os Correios repassam dividendos ao governo.  Os Correios são, depois da família e do Corpo de Bombeiros, a instituição que mais goza de confiança junto à população brasileira, conforme as pesquisas realizadas ano após ano”, enfatizou.

Presente na audiência pública, a deputada federal Maria do Rosário (PT), cobrou a intensificação da mobilização social contra a onda de privatizações proposta pelo governo Bolsonaro. “Não são os Correios que estão à venda. É o Brasil que está à venda por esse governo danoso ao país. Não vai sobrar Brasil se a gente não lutar”, afirmou.

O representante da Federação Nacional dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos, Evandro Leonir, lembrou que, só em 2017, os Correios entregaram 154 milhões de livros didáticos e seis milhões de kits de TV digital em todo país. O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul (Sintect/RS), Alexandre Nunes, reforçou a presença da instituição no Brasil. “É o único ente federal presente em todos os 5.570 municípios brasileiros”, complementou.

O representante do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Correios e Telégrafos de Santa Maria, Ernani Menezes, confrontou o ministro da Economia, Paulo Guedes, que é um dos maiores defensores da privatização dos Correios e quem, recentemente, atacou os trabalhadores da empresa pública. “O Paulo Guedes não tem moral para falar dos Correios. Ele e o seu banco – o BTG Pactual – é que são acusados de desviarem dinheiro dos fundos de pensão”, disparou.

O representante da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios, Mário Terra, ressaltou que a empresa emprega mais de 100 mil trabalhadores no país. “A população, principalmente a população da periferia, tem de ser informada sobre o que está acontecendo no país e sobre as consequências do desmonte e da privatização dos Correios”, acrescentou.

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL) também enfatizou, baseada nos modelos de privatização realizadas no Brasil, que a  venda dos Correios vai gerar piora na qualidade operacional, aumento de preços e demissões. “Existe uma campanha dioturna, por parte do governo federal, contra as estatais como um todo. Temos de enfrentar isso nas ruas, com muita mobilização e organização”, defendeu.

 Texto e fotos: Tiago Machado (MTE 9415)