Câmara de Santiago lota para debater campus federal de educação no município

As dependências do Auditório Caio Fernando Abreu, na Câmara Municipal de Santiago, ficaram pequenas para abrigar o grande público que lá compareceu para a audiência pública que debateu, no final da tarde de quinta-feira, 29/6, a expansão do Instituto Federal Farroupilha (IFFar) no Rio Grande do Sul e a possibilidade da instalação de um campus do Instituto no município. A importância do tema para o Vale do Jaguari uniu diferentes organizações da sociedade civil, entidades estudantis, de trabalhadores, educadores e classe empresarial, além de vereadores, prefeitos e gestores públicos de diversos municípios do entorno. A organização do debate ficou a cargo da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, que aprovou por unanimidade a proposição apresentada pelo deputado Valdeci Oliveira. “Quem conhece e vivencia a qualidade do ensino técnico acredita nessa demanda. E é por isso que Santiago se une pela implantação do campus do IFFar no município. Aqui não estamos para disputar essa oportunidade com nenhum campus, pois não é diminuindo um para nascer ou crescer outros. Acredito que a gente que coopera cresce. E essa colaboração, respeitando as particularidades e as vocações de cada lugar é que fará com que a nossa região possa crescer”, destacou o prefeito Tiago Gorski, lembrando que o êxodo rural ainda é muito presente na localidade.

As várias vocações dos municípios vizinhos também foram destacadas na audiência como exemplos da necessidade de formação de mão-de-obra qualificada: Nova Esperança do Sul, no processamento de couro; Capão do Cipó, na produção de soja; Unistalda, na criação de ovinos; e Santiago, na produção de mel e no polo moveleiro. “A cada dia, vemos Santiago se tornando um polo regional de desenvolvimento. Agora é a vez de Santiago ter um campus do Instituto nesta grande expansão que o governo federal vem propondo”, sentenciou Mara Rabelo de Lourenço, secretária municipal de Educação. “Existem dezenas de alternativas e possibilidades de cursos técnicos. Sou um apaixonado pelo IFFar e toda a discussão que estamos fazendo não pode ser para diminuir nada, muito pelo contrário, é para somar, ampliar e criar novas oportunidades e possibilidades para a nossa juventude. Essa é a nossa grande tarefa. Uma sociedade que não investe em educação é uma sociedade que vai pagar um preço muito alto logo ali na frente”, alertou Valdeci.

Após fazer sua explanação sobre o perfil e o histórico da criação do Instituto Federal Farroupilha, os cursos ofertados e os eixos tecnológicos oferecidos, a reitora do IFFar, Nídia Heringer, enfatizou a importância do envolvimento da comunidade. “Essa audiência pública deverá ser a primeira de muitas, pois a definição dos eixos e dos cursos também será de maneira participativa. O próprio MEC articula a busca de demandas, faz um diagnóstico das necessidades dos territórios e organiza as ofertas já existentes, para que um município não faça a mesma coisa que outra unidade ou campus já faz. Irá haver um rol de critérios, e os municípios vão se candidatar”, explicou. Já os modelos de propostas a serem oferecidas pelo MEC irão depender se a localidade tem infraestrutura pronta para receber a nova unidade ou não.

Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santiago, Lérida Pavanelo, a categoria a qual representa precisa também de formação, educação e cursos de graduação. Nós, enquanto agricultores, entendemos que precisamos aprender muito. Ser agricultor hoje não é como era no passado”, afirmou a dirigente.

Ao final do encontro, a exemplo das outras audiências públicas realizadas para este fim, como em Ijuí, Santa Maria e São Luiz Gonzaga, foi deliberado pela indicação de um membro titular e um suplente de todas as entidades presentes à audiência, que serão encaminhados à Comissão de Educação da Câmara local, a qual realizará reuniões de trabalho e de planejamento com o objetivo de ampliar a mobilização pela conquista do campus do IFFar. A partir disso, será montado um projeto que deverá, junto a outros que estão sendo elaborados no estado, ser encaminhado ao Ministério da Educação para análise.