Artigo: Com resistência, organização e luta, vem aí a 26ª Feicoop

05/07/2019

Estamos em contagem regressiva. Na próxima semana, mais precisamente na quinta-feira, dia 11 de julho de 2019, terá início a 26ª Feira Internacional do Cooperativismo (Feicoop). Até o dia 14 de julho, muita gente do estado, do Brasil e do exterior estará circulando em Santa Maria, ocupando nossas ruas, bares, hotéis, restaurantes, serviços de transporte. Esse público, que no ano passado chegou a mais de 300 mil pessoas, estará trocando experiências e conhecendo novas formas de consumo e de produção. Ao final, além de movimentarem fortemente a economia do nosso município, levarão, assim como fazem a meio século, a hospitalidade, a generosidade do nosso povo e o nome de Santa Maria para o mundo.

Se no início, lá em 1994, a Feicoop surgiu com caráter regional, a partir da articulação de pessoas como Dom Ivo Lorscheiter, entre outros ativistas de movimentos sociais defensores de formas diferenciadas de geração de trabalho e renda, esta edição está sendo forjada pela resistência, organização, luta e muita mobilização. Ao ver que a realização da Feira em 2019 corria o risco de não acontecer por conta de questões conjunturais, que uniram em um só escopo a perigosa receita que mistura preconceito, intolerância e tensionamentos políticos de uma sociedade que vem se dividindo numa ruptura maléfica e danosa a todos e todas, a Irmã Lourdes Dill não desistiu nem perdeu tempo. Batalhadora incansável que é, ela foi à luta. Bateu de porta em porta, viajou a Brasília, buscou conversar tanto com agentes públicos como privados, falou com todos que lhe deram a chance do diálogo, buscou esclarecer o papel da feira àqueles que ainda tinham alguma dúvida de sua importância. Até mesmo criou uma vaquinha virtual, dentro da Campanha “Juntos Pela Feicoop”, para arrecadar os recursos necessários para sua concretização (se você ainda não colaborou, clique em http://caritasrs.colabore.org/Feicoop). Contra muitos obstáculos mais uma vez saiu-se vitoriosa.

Neste cenário adverso, pode-se dizer que esta edição da Feicoop é a edição da resistência daquelas e daqueles que teimam em nos oferecer outras oportunidades de consumo, outras formas de comércio, outras modalidades de produção, outras visões de mundo, outras opções de como encarar o cotidiano da vida. São mulheres e homens que nos mostram que a solidariedade e a justiça social não são meros conceitos colocados da boca para fora nem meras palavras jogadas ao vento, mas uma prática positiva que transforma realidades.

E não somente nos oferecem o exemplo como também nos mostram como fazê-lo. No Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter, serão realizadas inúmeras audiências públicas, seminários e oficinas cujo objetivo é justamente esse: discutir e debater, de um jeito a transparente, democrático e qualificado, mesmo com aqueles que pensam diferente, formas de construir uma sociedade mais humana e fraterna.

Na Feira Internacional do Cooperativismo, não se prega o discurso contra o lucro, mas, sim, que esse possa ser obtido e compartilhado de forma justa. Se trata de uma relação cujo resultado buscado é o ganha-ganha, em que todos, produtores e consumidores, se sintam vencedores e incluídos.

A Feicoop é a prática de uma narrativa que, além de simbólica, sustenta que sim, outro mundo é possível. Vida longa à economia solidária, vida longa à Feicoop!

Foto: Maiquel Rosauro/Site Claudemir Pereira