Artigo – A bandeira da saúde não pode ser abandonada após o fim da pandemia

Por Valdeci Oliveira –

O registro de um novo e preocupante caso de superlotação no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) – o Pronto-Socorro da instituição está fechado há uma semana – ascendeu o alerta: Santa Maria e a Região Central precisam reeditar um movimento coletivo e plural de defesa dos hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde.

Todos sabemos que a pandemia da covid-19 está na sua fase final, mas também se sabe que muitos atendimentos que ficaram represados ao longo da crise sanitária vão cobrar a conta justamente no pós-pandemia. Ou seja, não haverá clima de tranquilidade nas nossas instituições de saúde nos próximos meses e até nos próximos anos.

Diante dessa conjuntura, é imperativo que medidas de curto, médio e longo prazo sejam discutidas e encaminhadas. A mais urgente delas, e que já está bastante atrasada, é a abertura integral dos leitos e serviços do Hospital Regional.

Inaugurado em 2018, o complexo de saúde erguido na Região Oeste de Santa Maria segue, inexplicavelmente, com parte significativa da sua estrutura ociosa. Claro que o Regional ajudou e muito no enfrentamento à covid. Inúmeras vidas foram salvas pelas competentes equipes que atuam lá. E foi justamente por isso que o nosso mandato parlamentar destinou uma emenda de R$ 1 milhão ao hospital no ano passado.

Agora vejamos: se o Regional já fez a diferença com apenas parte da sua estrutura ativa, imaginemos quantos benefícios serão gerados com a operação total desse equipamento de saúde pública?

Portanto, reerguer a bandeira do Regional 100% SUS e 100% aberto à comunidade é um dever das lideranças e da comunidade de Santa Maria neste próximo período. Foi a mobilização que garantiu a abertura dos primeiros leitos ali e será a mobilização social que vai possibilitar a conclusão do processo de instalação dos leitos. Cada leito aberto no Regional desafoga um pouco a situação do HUSM. 

O  governo do Estado, que anuncia e comemora o reforço do caixa a partir das privatizações realizadas, precisa priorizar a saúde dos gaúchos e gaúchas e fazer investimentos graúdos na ponta. Mas essa, lembremos, não é a única tarefa posta. Precisamos, ao mesmo tempo, em nível municipal e regional, fortalecer o HUSM, a Casa de Saúde, o Hemocentro e a atenção básica de Santa Maria. A cômodo prática da “ambulancioterapia” regional tem que ser revista. E precisamos discutir – e discutir muito bem – a questão da gestão plena.

Precisamos ainda – e aí a mobilização é nacional – derrubar a famigerada Emenda Constitucional 95, que drenará por 20 anos os recursos federais da saúde, e viabilizar, de forma concreta, uma valorização efetiva dos trabalhadores e das trabalhadoras da saúde. Enfim, os desafios postos na saúde são muitos e, repito, são de curto, médio e longo prazo.

Por entender bem a dimensão do que estamos mencionando é que, nesta sexta-feira (18), estaremos presencialmente na Câmara Municipal de Santa Maria, como presidente do Parlamento gaúcho, mas principalmente como cidadão santa-mariense, para debater essas e outras questões.  O encontro, que contará com a presença de inúmeras lideranças e representantes da área da saúde local e regional, tem como objetivo apontar alternativas viáveis ao quadro atual, pois é inaceitável que uma população de mais de 1 milhão de pessoas conviva repetidamente com casos como esse.

Quando falamos em Saúde, mais do que números, falamos de pessoas.

(Artigo originalmente publicado no site www.claudemirpereira.com.br)