No momento que o Brasil retoma com peso os investimentos no transporte ferroviário, a Região Central do Rio Grande do Sul amplia e reforça a sua mobilização para não ficar de fora deste novo cenário, que amplia as oportunidades de desenvolvimento e competitividade. A luta da região, a qual fazemos questão de apoiar, é para que Santa Maria e os municípios vizinhos façam parte do traçado da Ferrovia Norte-Sul. A construção da Norte-Sul é um dos principais eixos da política do governo federal de reestruturação do transporte ferroviário nacional, condenado ao sucateamento a partir da privatização da Rede Ferroviária Federal na década de 90. Ambicioso, o projeto tem como objetivo interligar o Estado do Pará ao Porto de Rio Grande pelos trilhos e criar uma alternativa para o escoamento da safra agrícola que passe longe das nossas entupidas estradas. Incrivelmente, o Brasil, com as suas dimensões continentais, transporta quase 90% da sua produção pelas rodovias, cuja malha resiste como pode a tanto tráfego e carga.
Dentro desse cenário, o governo federal contratou um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) para definir o melhor traçado rumo a Rio Grande. Ao tomarmos conhecimento dessa iniciativa, procuramos congregar esforços para apresentar a Região Central como um dos corredores da Norte-Sul. A primeira providência tomada, na parceria de trabalho que fizemos com a Câmara Municipal de Santa Maria, foi levar a Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa a Santa Maria para realizar uma audiência pública no mês de junho deste ano. Como resultado desta audiência, foi elaborada a Carta de Santa Maria e criado o Comitê Permanente de Mobilização pela Ferrovia Norte-Sul na Região Centro, o qual assumimos a coordenação junto com o presidente da Câmara Municipal, vereador Marcelo Bisogno. O Comitê agregou as entidades empresariais, a Agência de Desenvolvimento, as prefeituras e câmaras municipais do Centro do Estado para, juntas, batalharem pela ferrovia. O comitê já preparou e entregou um amplo levantamento técnico sobre a economia e a demanda regional de transporte de cargas para a Valec Ferrovias, estatal responsável pela coordenação do EVTEA.
Também fez parte da mobilização a entrega da Carta de Santa Maria, documento que oficializa a reivindicação pela inclusão da Região Centro na Norte-Sul ao ministro dos Transportes, César Borges. Os esforços políticos, técnicos e, acima de tudo, coletivos começam a aparecer: os estudos preliminares do governo federal indicam a rota Cruz Alta – Santa Maria – Cachoeira do Sul como um dos corredores mais viáveis para a passagem da superferrovia no trajeto a Rio Grande. Como o EVTEA só será concluído em abril, o movimento regional continua e ganha ainda mais amplitude: no próximo dia 6 de dezembro, na Câmara Municipal de Santa Maria, vamos promover nova audiência pública sobre a Ferrovia Norte-Sul. Desta vez, reuniremos também as lideranças das regiões das Missões, Fronteira Oeste e do Alto Jacuí para ampliar o debate. A Norte-Sul é apenas uma das ações para reativar o transporte ferroviário gaúcho. A nossa defesa, que tem o respaldo da Assembleia Legislativa, é a constituição no Estado de um Sistema Ferroviário Integrado, que inclua o maior número de regiões e aproxime o Brasil do Mercosul e do corredor bioceânico. Depois de amargar, durante muito tempo, o abandono de nossas ferrovias, é muito bom olhar para frente e ver que o trem volta a assumir um papel estratégico no nosso desenvolvimento. Que essa locomotiva não pare.
*Artigo do deputado Valdeci Oliveira publicado no Jornal A Razão em 14/11/2013